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Protestos na Venezuela deixam 20 mortos em menos de um mês

Há várias semanas manifestantes vêm promovendo protestos e erguendo barricadas para exigir a renúncia do presidente Maduro

Funcionário em uma manifestação para lembrar as vítimas da violência na Venezuela, depois de um protesto contra o governo, em Caracas (Tomas Bravo/Reuters)

Funcionário em uma manifestação para lembrar as vítimas da violência na Venezuela, depois de um protesto contra o governo, em Caracas (Tomas Bravo/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2014 às 19h19.

Caracas - Um soldado venezuelano e um motociclista morreram em uma briga confusa provocada por um bloqueio da oposição em uma rua de Caracas, disseram autoridades nesta quinta-feira, o que eleva para 20 o número de mortos em quase um mês de violência no país.

Há várias semanas manifestantes vêm promovendo protestos e erguendo barricadas para exigir a renúncia do presidente do país, Nicolás Maduro, o que resulta em confrontos com forças de segurança e partidários do governo.

Motociclistas que tentavam remover uma barricada no bairro de classe média de Los Ruices foram atacados por moradores de edifícios próximos que jogaram pedras e depois dispararam contra eles, disse à Reuters o general da Guarda Nacional Manuel Quevedo.

O motociclista José Cantillo, com pouco mais de 20 anos, foi baleado no pescoço, disse Quevedo.

"Não se enganem, a Guarda Nacional e as Forças Armadas vão continuar patrulhando as ruas para restaurar a ordem", declarou ele em uma entrevista no local dos eventos.

Um segundo motociclista foi ferido e está em estado crítico, afirmou Maduro na TV.

As tropas chegaram em cerca de 20 veículos blindados e usaram gás lacrimogêneo para dispersar centenas de manifestantes, disseram testemunhas à Reuters.

Moradores continuaram jogando pedras de cima de edifícios, mas pedestres irados tentaram entrar à força nos prédios em uma aparente ação para encontrar os atacantes.

As tropas usaram escudos para proteger outros soldados da chuva de pedras, enquanto derrubavam barricadas e removiam o entulho, incluindo um carro que os manifestantes haviam queimado na parte da manhã, disseram as testemunhas.


Na quarta-feira, Maduro pediu a organizações pró-governo, incluindo grupos conhecidos como "colectivos" - que os líderes da oposição descrevem como grupos paramilitares -, que ajudem a manter a ordem nas ruas.

As manifestações começaram como protestos esporádicos contra a crônica escassez de produtos e a inflação elevada, que alcançou 56 por cento em 2013, mas ganhou impulso e se tornou um movimento nacional depois que três pessoas foram mortas após uma passeata em 12 de fevereiro, fato que desencadeou os piores distúrbios no país em uma década.

Depois disso, os protestos têm sido mais focados em denúncias de uso excessivo da força contra os manifestantes e pedidos de libertação de ativistas presos, como Leopoldo López, que liderou os protestos em todo o país.

Chávez

Apesar de protestos de rua terem contribuído para derrubar por poucos dias o líder socialista Hugo Chávez, em um golpe fracassado em 2002, parece haver pouco risco de a agitação atual levar à derrubada do presidente no estilo ucraniano.

Os partidários do governo definem os protestos como interrupções perigosas e prejudiciais de ordem pública, que têm impedido pessoas doentes de receber tratamento de emergência e atrapalham os cidadãos em suas atividades do dia a dia.

Maduro, um ex-motorista de ônibus que se denomina "filho" do falecido Chávez, pediu uma reunião de presidentes da Unasul, grupo de países latino-americanos, para tratar da agitação no país.

"Com o tempo faremos com que parem de agir assim", disse Maduro em uma transmissão televisionada nesta quinta-feira à tarde. "Eles vão ser lembrados como vândalos violentos que mataram bons homens e mulheres deste país." Na quarta-feira, Maduro cortou os laços da Venezuela com o Panamá, acusando o presidente desse país de conspirar com os Estados Unidos para intervir nos assuntos venezuelanos. Durante um comício nesta quinta-feira, ele deu ao embaixador do Panamá e três outros diplomatas o prazo de 48 horas para deixar o país.

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