Manifestação contra o governo na Tailândia: polícia tem ordens para evitar a violência (REUTERS/Chaiwat Subprasom)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2013 às 10h34.
Bangcoc - Milhares de manifestantes intensificaram nesta quinta-feira o assédio a dezenas de ministérios e escritórios governamentais em Bangcoc e outras províncias da Tailândia após o fracasso da moção de censura contra a primeira-ministra, Yingluck Shinawatra.
A chefe do Executivo foi respaldada com 297 votos a favor e 134 contra na câmara Baixa do Parlamento graças à maioria da qual dispõe seu partido político, Puea Thai.
Após a votação, Yingluck reiterou sua chamada ao diálogo e pediu aos manifestantes o fim dos protestos, ao mesmo tempo em que acusou seus líderes de buscar uma saída antidemocrática para crise.
"O Governo não quer entrar neste jogo político porque isso só irá piorar a economia e o país", disse Yingluck em mensagem após superar a moção apresentada pelo Partido Democrata, que a acusou de amparar a corrupção e afundar a economia.
A governante pediu que os manifestantes retornem para suas casas e disse que negociará uma solução, solicitando à comunidade internacional que tenha confiança na Tailândia e na capacidade do Executivo para alcançar uma saída pacífica.
Há vários dias o ex-vice-primeiro-ministro Suthep Thaugsuban, líder dos protestos, denuncia que a chefe do Governo perdeu a legitimidade pela corrupção e exige a criação de um conselho extraordinário para sair da crise.
Suthep, que renunciou recentemente como parlamentar do Partido Democrata, propõe que este conselho seja formado por representantes dos setores sociais e econômicos do país e que encontrem organismos para garantir o controle das instituições, antes de voltar ao sistema eleitoral.
"O povo não abandonará as ruas até que o poder volte a suas mãos", disse desafiante, ao mesmo tempo em que se declarou disposto a morrer nos protestos.
O ex-deputado democrata assegura que seu objetio é acabar com o "regime de Thaksin", o irmão da primeira-ministra a quem acusa de dirigir o país desde o exílio.
Os principais acampamentos dos manifestantes, agrupados sob "Movimento Civil para a Democracia" de Suthep e outros grupos antigovernamentais, se concentram em torno do Monumento da Democracia e no Ministério das Finanças.
Também há concentrações em frente a outros ministérios e escritórios governamentais em Bangcoc e outras províncias, sobretudo no sul do país onde o Partido Democrata destaca.
Os manifestantes cortaram hoje a provisão de energia da sede da Polícia Nacional em Bangcoc e continuaram, pelo segundo dia, com a ocupação do complexo governamental de Chaengwattana, embora a maioria dos escritórios continuem funcionando.
"Thaksin, com todos seus milhões, se aproveita da classe média e utiliza seu dinheiro para comprar os pobres. Assim é como chegou ao poder. Depois trouxe toda a corrupção para ele e sua família", afirmou uma manifestante em Chaengwattana.
A Polícia tem ordens para evitar a violência e os manifestantes ocuparam vários recintos governamentais sem encontrar resistência.
Assim, os protestos foram pacíficas até o momento, exceto pelo lançamento de um explosivo caseiro que não causou danos e três manifestantes antigovernamentais feridos após uma desordem com membros dos "camisas vermelhas", os seguidores dos Shinawatra que se encontram congregados em um estádio nos arredores da capital .
Desde 2006, a Tailândia vive uma profunda crise política que cada um ou dois anos desemboca em manifestações de partidários ou opositores de Thaksin que provocaram dezenas de mortos e grandes perdas econômicas.
Thaksin, sobre o qual pesa uma condenação de dois anos de prisão por corrupção se voltar à Tailândia, conta com amplos apoios nas regiões rurais do nordeste e seus opositores representam em sua maioria a classe média e alta de Bangcoc e a elite próxima ao Exército e a monarquia.