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Protestos na Bolívia respaldam indígenas e rejeitam Evo Morales

Presidente enfrenta queda na popularidade depois que forças policiais reprimiram protestos de indígenas contra a construção de uma estrada

Protesto na Bolívia contra Evo Morales: dificuldades para o presidente (Jorge Bernal/AFP)

Protesto na Bolívia contra Evo Morales: dificuldades para o presidente (Jorge Bernal/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2011 às 18h32.

La Paz - Os indígenas da Amazônia boliviana que sofreram violenta repressão policial no último final de semana receberam o apoio da população do país por meio de uma série de mobilizações que também demonstraram um forte sentimento de rejeição ao presidente Evo Morales, que vive uma de seus piores crises políticas.

A Central Operária Boliviana (COB) liderou dezenas de milhares de manifestantes que desceram da cidade de El Alto até La Paz e se instalaram na Plaza Murillo, onde estão os prédios da Presidência e do Parlamento, resguardados por policiais antidistúrbios e um grupo de operações especiais, segundo constatou a Agência Efe.

Professores, médicos, servidores municipais, universitários, ambientalistas e indígenas participaram dessa mobilização e de outras nas cidades de Cochabamba, Santa Cruz, Oruro, Sucre e Potosí, enquanto na região amazônica de Beni várias pessoas efetuam bloqueios e greves há vários dias.

Os sindicatos de transporte, cujos dirigentes são ligados a Morales, não apoiaram a greve, mas as manifestações os obrigaram a paralisar o trânsito no centro de várias cidades.

O líder da COB, Pedro Montes, disse que o protesto mostra a rejeição dos trabalhadores aos policiais que dissolveram com gás lacrimogêneo e cassetetes os nativos que rejeitam uma estrada, financiada pelo Brasil e projetada para atravessar o Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure.

"Não estamos de acordo e censuramos a atitude do Governo no atropelo aos irmãos indígenas", destacou Montes, acrescentando que Morales deve identificar "os responsáveis que cometeram esse crime para que sejam colocados atrás das grades".

Segundo Montes, a manifestação também exige que o Governo cumpra acordos salariais assinados em abril, além de defender jornalistas e meios de comunicação dos ataques do líder, que os acusou de exagerar sobre a repressão policial.

O líder sindical anunciou que os manifestantes analisarão na sexta-feira se convocam uma greve geral indefinida e se um grupo de sindicalistas se soma ao reatamento da passeata indígena, que pretende forçar Morales a suspender definitivamente a estrada construída pela OAS.

Os manifestantes entoaram palavras de ordem contra o líder e seu vice-presidente, Álvaro García Linera, e exibiram cartazes para criticar a estrada que os indígenas temem que servirá para que a reserva natural seja invadida por madeireiros e produtores de coca, base da cocaína.


O parque fica próximo à região de Chapare, onde Morales preside sindicatos de produtores de coca aos quais o presidente prometeu mais terras.

O conflito causou uma das piores crises do governante nos últimos anos, com a renúncia de dois ministros, um vice-ministro e outros funcionários, alguns por sua responsabilidade na repressão, outros em protesto pelo incidente.

Além disso, vários deputados do partido de Morales anunciaram que começarão a votar contra o Governo, fazendo-o perder a cômoda maioria de dois terços que tinha até agora.

Morales designou na terça-feira Wilfredo Chávez novo ministro de Governo em substituição de Sacha Llorenti, a quem os indígenas culpam pela brutal operação policial.

Além disso, nomeou Ruben Saavedra ministro da Defesa para substituir Cecilia Chacón, que renunciou na segunda-feira e criticou a repressão à passeata indígena.

Também renunciaram o vice-ministro do Interior, Marcos Farfán, que negou ter ordenado a operação, como havia afirmado Llorenti, e duas funcionárias de alto nível que rejeitaram a repressão.

Os ministros da Presidência, Carlos Romero, e da Transparência, Nardy Suxo, se reuniram nesta quarta-feira com a representante da ONU na Bolívia, a japonesa Yoriko Yasukawa, para convidá-la a integrar uma comissão internacional para averiguar a ação policial.

Após um encontro, Yoriko disse que consultará à Secretaria-Geral da ONU para saber "qual é a melhor maneira de colaborar".

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