Congo: o presidente Joseph Kabila estava no poder há quase 18 anos (Baz Ratner/Reuters)
EFE
Publicado em 10 de janeiro de 2019 às 12h50.
Kinshasa - Pelo menos três pessoas morreram nesta quinta-feira em Kikwit, no sudoeste da República Democrática do Congo, depois que a Comissão Eleitoral (CENI) proclamou o opositor Félix Tshisekedi como vencedor das eleições presidenciais.
O incidente aconteceu esta manhã quando três jovens foram abatidos enquanto tentavam atacar um posto policial, segundo veículos de imprensa locais, que estimam que o número de mortos poderia ser maior.
"A polícia abriu fogo enquanto uma dezena de jovens tentava saquear suas instalações", disseram ao jornal local "Politico" ativistas da sociedade civil de Kikwit, reduto do também opositor Martin Fayulu, o grande derrotado nas eleições presidenciais.
Vários grupos de jovens ergueram barricadas para protestar contra a proclamação de Tshisekedi como vencedor do pleito e pelo menos dois ônibus foram incendiados.
O presidente da CENI, Corneille Nangaa, proclamou o vencedor por volta das 3h locais (0h em Brasília) na sede central do órgão em Kinshasa.
Tshisekedi venceu as eleições presidenciais com 38,57% dos votos; seguido por Fayulu, que obteve 34,83%, e o governista Emmanuel Ramazani Shadary, com 23,84%.
A taxa de participação ficou em 47,56%, em um pleito no qual compareceram às urnas mais de 18 milhões de congoleses e que esteve marcado por muitos erros técnicos e atrasos.
Fayulu, que rejeitou o resultado das eleições ao tachá-los de "inventados", convocou depois os congoleses a "exigirem a verdade".
"Devemos dizer 'não' à mentira do presidente da CENI, aos resultados e à demora eleitoral", disse Fayulu em declarações veiculadas pelo jornal local "Actualité".
No entanto, o país amanheceu hoje com relativa calma, depois que milhares de pessoas festejaram a vitória de Tshisekedi, uma imagem que contrasta com o clima de tensão vivido antes das eleições e durante a espera dos resultados, um anúncio que foi adiado em várias ocasiões pela CENI.
A vitória de Tshisekedi encerra dois anos de demoras e incerteza, desde que o presidente Joseph Kabila - que está no governo há quase 18 anos - encerrou seu segundo e último mandato eleitoral conforme o previsto pela legislação, aferrando-se ao poder desde dezembro de 2016.
A partir de hoje, os candidatos e partidos terão três dias para recorrer dos resultados diante do Tribunal Constitucional, que, por sua vez, terá mais uma semana para proclamar os resultados oficiais.