Ativista que segura cartaz durante protesto anti-China entra em confronto com a polícia em frente ao escritório econômico e cultural do Vietnã (REUTERS/Pichi Chuang)
Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2014 às 06h39.
Ho Chi Ming - Pelo menos um trabalhador chinês morreu e outros 90 ficaram feridos nas manifestações anti-China em que várias fábricas foram incendiadas no sul do Vietnã, informaram nesta quinta-feira fontes diplomáticas.
O embaixador de Taiwan no Vietnã, Huang Chih-peng, disse que a violência começou na tarde de ontem e continuou ao longo da noite e da madrugada de quinta-feira, afetando várias empresas taiwanesas.
Os manifestantes vietnamitas não distinguem entre taiwaneses e chineses e atacam e destroem empresas com placas em chinês, informou na quarta-feira o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan em comunicado.
O governo do Estado insular começou a retirar nesta quinta-feira milhares de seus cidadãos do Vietnã, muitos dos quais se encontram refugiados sob proteção policial e sem acesso a seus lares e documentos necessários para viajar.
Taiwan advertiu ao Vietnã que os ataques contra as propriedades e a segurança pessoal dos taiwaneses afetam negativamente as relações bilaterais e os investimentos no país.
A violência começou na quarta-feira quando cerca de 19 mil pessoas protestavam em um polígono industrial que possui fábricas taiwanesas, chinesas e coreanas, do setor têxtil e de calçados, na província de Binh Duong, no sul do país.
O vice-presidente provincial, Tran Van Nam, disse ao site 'VNExpress' que alguns dos manifestantes incitaram os outros a invadir e atacar as fábricas, o que propiciou roubos, o incêndio de edifícios e agressões contra os guardas de segurança.
Pelo menos 15 edifícios foram queimados e centenas de empresas sofreram danos em suas instalações, segundo o relatório preliminar das autoridades provinciais citado pelo site.
A polícia vietnamita informou que prendeu mais de 700 pessoas acusadas de incitação e participação nos ataques contra os edifícios industriais.
Várias manifestações contra as reivindicações territoriais da China nas ilhas Paracel, que são disputadas pelos dois países, reuniram milhares de pessoas no domingo passado no Vietnã, onde, nos últimos anos, as autoridades alternaram a permissão a esses protestos com a repressão violenta.
As manifestações foram convocadas depois que uma embarcação da China se chocou com outra vietnamita que tentava impedir a instalação de uma plataforma de petróleo da companhia estatal chinesa CNOOC.
A plataforma estava situada originariamente nas águas ao sul de Hong Kong, mas foi transferida para as proximidades das Paracel (que os chineses chamam de Xisha) no dia 2 de maio, o que foi considerado como uma ação 'ilegal' por Hanói.
No último dia 3, a Administração de Segurança Marítima da China anunciou a proibição de navegação a menos de uma milha náutica (1,8 quilômetros) da polêmica plataforma, uma distância que foi aumentada para 3 milhas náuticas (5,5 quilômetros) no dia 5 de maio.
As ilhas Paracel são controladas pela China desde um conflito naval com o Vietnã em 1974, a chamada Batalha das Ilhas Paracel, na qual 53 marinheiros vietnamitas e 18 chineses morreram.
A China mantém crescentes tensões marítimas com países vizinhos, especialmente Japão, Filipinas e Vietnã, por ilhas e águas territoriais nos Mares da China Meridional e Oriental, ricas em recursos pesqueiros e energéticos (gás natural e petróleo que ainda não foram explorados). EFE