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Protesto político na Rússia termina com mais de 1.000 presos

Polícia prendeu participantes que chegavam à principal via de Moscou aos gritos de "Vergonha" e "Queremos eleições livres"

Protesto: manifestação em Moscou organizada pela oposição russa terminou com mais de 500 presos (Kirill Kudryavtsev/AFP)

Protesto: manifestação em Moscou organizada pela oposição russa terminou com mais de 500 presos (Kirill Kudryavtsev/AFP)

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Reuters

Publicado em 27 de julho de 2019 às 15h14.

Última atualização em 27 de julho de 2019 às 17h07.

A polícia russa prendeu mais de 1.000 pessoas que estavam reunidas em Moscou neste sábado (27) para pedir eleições locais livres e justas, apesar do aumento da pressão contra a oposição nos últimos dias.

As forças de segurança fizeram enormes prisões entre os participantes que chegavam à principal via de Moscou, a avenida Tverskaya, aos gritos de "Vergonha" e "Queremos eleições livres", fazendo eles recuarem para ruas adjacentes.

Segundo números oficiais da polícia, 3.500 pessoas participaram no protesto, incluindo 700 jornalistas e blogueiros, e "1.074 pessoas foram detidas por delitos diversos", detalhou.

Esta concentração não autorizada em frente à Prefeitura da capital ocorre menos de uma semana após uma manifestação sem precedentes desde o movimento quando Vladimir Putin voltou ao Kremlin.

A oposição denuncia a proibição de candidaturas independentes para as eleições locais, que aparentemente serão difíceis para os candidatos governistas.

À tarde, grupos manifestantes tentaram bloquear várias ruas no centro de Moscou por alguns minutos. Um elevado contingente de policiais foi ao local e acabou com o bloqueio rapidamente.

- Sem armas -

Algumas das prisões foram violentas. A AFP acompanhou uma detenção em que a manifestante ficou ferida na cabeça.

"Estávamos nos manifestante pacificamente, não estávamos com armas (...), não demos nenhum motivo para essas prisões violentas", criticou Anastassia Zabaliueva, de 27 anos, professora de francês e inglês.

Diversos opositores foram presos na manhã deste sábado, como Ilia Yashin, Liubov Sobol e Dmitri Gudkov. Os três foram libertados à tarde. Sobol terá que pagar uma multa de 30 mil rublos (cerca de 400 dólares), enquanto Yashin e Gudkov deverão comparecer a um tribunal ainda neste mês.

As casas e gabinetes de vários candidatos impedidos foram alvo de operações de busca e apreensão e, na quarta-feira, o principal opositor do Kremlin, Alexei Navalni, foi condenado a 30 dias de prisão por violar "regras das manifestações".

Essas ações judiciais ocorrem após a abertura de uma investigação de "obstaculização do trabalho da Comissão Eleitoral" de Moscou, devido às manifestações de meados deste mês.

Elas podem gerar penas de até cinco anos de prisão, o que traz à memória as condenações pesadas durante o movimento de 2011-2012 contra a volta de Vladimir Putin à presidência.

A ONG Anistia Internacional, que teme uma "repressão enorme em breve", criticou uma "tentativa aberta e descarada das autoridades russas de intimidar a oposição".

Antes da manifestação no sábado, a polícia de Moscou emitiu uma advertência aos cidadãos e propôs que jornalistas cobrindo o evento se identificassem, um acontecimento inédito que antecipava as numerosas prisões.

O registro de cerca de 60 candidaturas às eleições do Parlamento de Moscou foi rejeitado, oficialmente por causa de erros na coleta das assinaturas de apoio necessárias.

Os candidatos independentes excluídos denunciaram irregularidades fraudulentas e acusaram o prefeito Sergey Sobianin, alinhado ao governo central, de querer sufocar a oposição.

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