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Protagonistas da 1ª Guerra Mundial destacam reconciliação

França, Grã-Bretanha e Alemanha encenaram reconciliação da Europa na comemoração do centenário do início da Primeira Guerra Mundial


	1ª Guerra Mundial: comemoração contou com a presença de chefes de Estado
 (Wikimedia Commons)

1ª Guerra Mundial: comemoração contou com a presença de chefes de Estado (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2014 às 10h02.

Liège - França, Grã-Bretanha e Alemanha, protagonistas da Primeira Guerra Mundial, encenaram nesta segunda-feira a reconciliação do continente europeu na comemoração do centenário do início da chamada Grande Guerra.

A cerimônia centrada na lembrança e na reconciliação, realizada junto ao Monumento de Hartmannswillerkopf ("o Velho Armando"), erguido em memória às vítimas do conflito (1914-1918), contou com a presença de dezenas de chefes de Estado e de governo, incluindo a do rei Filipe da Bélgica, que assinalou que a guerra "acabou unindo todos nossos povos no sofrimento".

"Esta comemoração é indispensável para construir melhor o futuro", disse o monarca ao ressaltar que a paz "não é apenas a ausência de guerra". "Para ser duradoura tem que repousar em um projeto comum", completou.

"A Europa pacificada, unificada e democrática, que nossos avôs sonhavam, a mesma que temos hoje", enfatizou.

O presidente da França, François Hollande, lembrou os soldados franceses que morreram há 100 anos na Bélgica, país que se transformou em "um dos primeiros campos de batalha da Grande Guerra" após o Exército alemão violar sua neutralidade no conflito.

"Não podemos nos esquecer que nesse momento a população civil pagou um pesado tributo ao heroísmo dos soldados, principalmente no mês de agosto de 1914, particularmente mortífero", disse o presidente francês, que também destacou que em outra cidade belga, Ypres, armas químicas foram utilizadas.

"A Bélgica pode contar com o reconhecimento eterno da França", assinalou o presidente francês, que, por sua vez, também fez questão de lembrar que outros conflitos, como os do Iraque, Síria ou Gaza, seguem desestabilizando o mundo.

Neste aspecto, Hollande disse que os países europeus devem "assumir suas responsabilidades" e não "simplesmente evocar o culto da memória".

Por sua parte, o presidente da Alemanha, Joachim Gauck, disse que "nada poderia justificar" a invasão iniciada por seu país em 1914, assim como o "horror" causado pelos ataques.

Em particular, Gauck se referiu ao episódio da destruição da célebre biblioteca de Louvain, no centro do país, um tipo de ato que, segundo ele, ainda "hoje enche (os alemães) de vergonha".

Após ter destacado a memória dos soldados caídos, Gauck afirmou que "há muito tempo vive em uma Europa de paz", acrescentando que a União Europeia (UE) é uma "conquista de civilização que não deve ser desvalorizada".

O príncipe William da Inglaterra prestou homenagem ao povo belga, "cuja resistência foi comparável a seu sofrimento" ao receber os primeiros ataques do Exército alemão no dia 4 de agosto de 1914, e assegurou que "o sacrifício e a contribuição à vitória final teve uma importância capital", já que sua resistência "permitiu que aliados se organizasse para traçar as linhas de batalha".

Neste aspecto, William destacou não só a bravura do Exército belga, mas também a da população civil, citando a tarefa de cidadãos como a enfermeira britânica Edith Cavell, que, em território belga, salvou "soldados dos dois bandos".

O príncipe afirmou que na Europa ainda há conflitos como o da Ucrânia que mostram "que a desestabilização segue ameaçando nosso continente", embora tenha assinalado que "o fato dos presidentes estarem aqui representando Alemanha e Áustria mostra a força da reconciliação".

Por último, o primeiro-ministro belga, Elio di Rupo, considerou que "não haverá paz possível sem respeito pelos demais e tolerância".

Embora tenha ressaltado que o continente mudou profundamente nos últimos 100 anos, Rupo disse estar preocupado com as tensões motivadas, por exemplo, pela crise financeira e econômica dos últimos anos, as quais "mostraram a fragilidade do processo de construção europeia", ou pelo "êxito dos movimento extremistas e antieuropeus".

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