Monróvia - Os 17 doentes de ebola que, no fim de semana, escaparam de um centro de isolamento invadido e atacado em Monróvia, capital da Libéria, continuavam sendo procurados nesta segunda-feira, o que aumenta a preocupação no país mais afetado pela epidemia.
Com 413 vítimas de um total de 1.145 mortos, segundo o balanço mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Libéria é o país com mais falecidos por esta febre hemorrágica altamente contagiosa, à frente da Guiné (380), Serra Leoa (348) e Nigéria (4).
As autoridades do setor de saúde informaram que 17 pacientes com diagnóstico positivo para o ebola fugiram de um centro de isolamento instalado em uma escola de West Point, na periferia da capital Monróvia, depois que o local foi atacado na madrugada de domingo por homens armados com cassetetes e facas.
"Até esta manhã seguíamos buscando estes 17 doentes que fugiram do campo, mas ainda não os encontramos", declarou à AFP o ministro da Informação, Lewis Brown.
"O pior é que os que saquearam o centro pegaram colchões e toalhas manchadas de fluidos dos corpos dos doentes. Nos arriscamos a ficar em uma situação difícil de controlar", declarou Brown, que sugeriu a possibilidade de colocar em quarentena o bairro de West Point, de 75.000 habitantes, como já aconteceu em três províncias do norte do país.
"Provavelmente todos esses bandidos que saquearam o centro portam agora o vírus do ebola. Uma solução poderia ser colocar o bairro em quarentena", disse.
O pai de Michel Boima, um dos doentes do centro de isolamento, declarou que não tem notícias do filho desde ataque.
"Tenho medo de que morra em qualquer lugar sem que eu saiba", disse Fallah Boima, entrevistado por telefone.
O presidente dos jovens de West Point, Wilmont Johnson, declarou nesta segunda-feira aos jornalistas que mobilizou uma equipe de buscas no bairro, que não encontrou nenhum rastro dos 17 desaparecidos.
"Procuramos no bairro por toda parte, mas foi em vão. Os que o viram passar dizem que foram para outros bairros", disse Johnson.
Não acreditamos em ebola
Segundo várias testemunhas, os criminosos gritavam palavras hostis à presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, e diziam que não há ebola no país.
"Nós falamos para que não instalassem o acampamento aqui. Não nos escutaram. Não acreditam nisto de ebola", disse à AFP um jovem que mora na região.
Em Caldwell, na província de Monróvia, os habitantes atribuem a propagação do vírus ao desleixo do governo e denunciam a lentidão na retirada dos corpos.
"Afirmamos várias vezes ao governo que enfrentava este problema de forma totalmente equivocada", disse Sheikh Idrissa Swaray, pai de um suspeito de ter a doença, que só teve o corpo retirado três dias depois da morte, o que provocou a fuga da esposa.
"Com os atrasos, os parentes, que vivem nesta casa, estejam contaminados ou não, fogem e seguem para outros bairros para contaminar outras pessoas", disse.
Em Guiné, onde a epidemia começou no início do ano, o médico Sakoba Kéita, que coordena a luta contra a doença no ministério da Saúde, revelou a "grande preocupação por parte da prefeitura de Macenta (sul) com a chegada de uma onda de enfermos procedentes da vizinha Libéria".
Burkina Faso, que não registrou nenhum caso de ebola, anunciou o adiamento de uma reunião extraordinária da União Africana prevista para os dias 2 a 7 de setembro devido ao desafio representado pelo vírus.
Na Europa, a agência da UE para a administração das fronteiras, Frontex, anunciou a suspensão dos voos de repatriação de imigrantes irregulares à Nigéria.
*Atualizada às 12h22 do dia 18/08/2014
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1. O que é ebola?
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1/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
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2. A origem
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2/13 (Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
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3. A epidemia atual
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3/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
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4. Os sintomas
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4/13 (AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
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5. Transmissão
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5/13 (Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
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6. O tratamento
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6/13 (Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
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7. Como se proteger
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7/13 (AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
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8. Epidemia global
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8/13 (Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
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9. Vacina experimental
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9/13 (sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
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10. Fronteiras fechadas
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10/13 (Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
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11. Não há mercado para a vacina
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11/13 (AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
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12. Medicação
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12/13 (Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
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13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
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13/13 (Reuters)