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Promotora venezuelana é presa após se recusar a processar protestos contrários a Maduro

Rosa Maria Mota, segundo procurador-geral Tarek William Saab, cometeu crime de 'atraso e omissão intencional de funções'

Agência o Globo
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Publicado em 7 de agosto de 2024 às 20h32.

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Uma promotora do estado venezuelano de Apure foi presa nesta quarta-feira pelo Ministério Público. Rosa Maria Mota, segundo o procurador-geral Tarek William Saab, teria cometido o crime de "atraso e omissão intencional de funções" ao divulgar informações confidenciais, "permitindo a evasão de sujeitos investigados por atos de violência, vandalismo e desestabilização" — referência aos protestos que varreram ao país, contrários ao resultado das eleições do último dia 28.

Este é o segundo caso de um promotor detido por não processar casos relacionados às manifestações. No último sábado, Saab também informado sobre a captura e acusação de Maglen Marin Rodríguez, que trabalhava como promotora temporária em Anzoátegui. A mulher também foi acusada de "atraso e omissão intencional de funções" ao se omitir em processar quatro homens, que foram posteriormente processador por outra pessoa, informou o procurador-geral.

No último balanço do Foro Penal divulgado nesta quarta-feira, ocorreram 1.152 prisões desde o dia 29, quando os protestos começaram a se intensificar. Desse total, 101 são adolescentes e cinco, indígenas. Por outro lado, o presidente Nicolás Maduro fala em pelo menos 2.229 detidos no país, a quem chama de "terroristas". Em um evento na terça-feira, Maduro disse que os detidos serão transferidos para as prisões de Tocorón e Tocuyito, que teriam sido equipadas, de acordo com o chavista, para deter a “todas as bandas da nova geração que estão envolvidas nas guarimbas (protestos violentos)."

Ativista presa

O Foro Penal denuncia detenções arbitrárias em massa. A mãe de uma ativista está desesperada atrás de respostas sobre o paradeiro da filha e o motivo de sua prisão. Edni López foi detida no aeroporto internacional de Maiquetía no último domingo enquanto se preparava para embarcar em um voo para fora do país. Segundo a mãe, Ninoska Barrios, ao jornal venezuelano Efecto Cocuyo, López "não estava ligada a nada político".

— Ela foi convidada por seus colegas de universidade. Ela iria viajar muito animada para reencontrar seus amigos. Por volta das 9h30 da manhã de domingo, perdemos contato com ela. A última coisa que ele nos contou foi que seu passaporte havia sido cancelado. A partir desse momento não tivemos mais notícias dela — disse a mulher após sair da sede da Defensoria Pública em Caracas, acompanhada por dois outros filhos.

López, informou o jornal, é professora da Universidade Central da Venezuela (UCV), onde teria se formado há alguns anos. Ela era defensora dos direitos humanos e foi detida horas após de um outro ativista, Yendri Velázquez, ter sido detido, também em Maiquetía. Segundo o Efecto Cocuyo, ele foi liberado cerca de seis horas depois. Barrios disse que recebeu a informação de que a filha estava em um centro de detenção, mas não sabe do que a filha é acusada.

Na terça-feira, uma colaboradora da líder opositora María Corina Machado foi presa horas após criticar uma campanha oficial que pede a denúncia de manifestantes envolvidos em bloqueios de ruas. A ação foi toda registrada em vídeo. María Oropeza criticava a "Operação Tun Tun", que disponibilizou uma linha telefônica para denunciar casos de "ódio" físico ou virtual em meio às medidas adotadas contra as mobilizações.

— Há casos em que as pessoas foram presas não enquanto estavam manifestando ou na rua, mas tarde da noite em suas casas, e aparentemente essas detenções são fruto de delações [...], geralmente em áreas muito humildes — explicoiu à AFP Gonzalo Himiob, vice-presidente do Foro Penal. — [É] a instauração do medo como ferramenta de controle social.

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