Presidente da Argentina, Mauricio Macri: críticos dizem que ele deve uma explicação mais detalhada (REUTERS/Jorge Adorno)
Da Redação
Publicado em 7 de abril de 2016 às 21h33.
Buenos Aires - Um promotor argentino pediu nesta quinta-feira a um juiz para abrir investigação sobre a ligação do presidente do país, Mauricio Macri, com empresas em paraísos fiscais, como revelado pelos chamados “Panama Papers”, um vazamento que jogou luz sobre os esquemas financeiros da elite mundial.
O vazamento de quatro décadas de documentos da empresa de advocacia panamenha Mossack Fonseca, especializada em criar companhias em paraísos fiscais, tem provocado investigações similares ao redor do mundo.
Macri, que venceu as eleições presidenciais no ano passado prometendo erradicar a corrupção, tem dito que ele não era legalmente obrigado a declarar a sua conexão com a empresa citada nos “Panama Papers”, uma vez ele nunca teve participação nela.
O presidente disse que ele era simplesmente o diretor da companhia Fleg Trading, com base nas Bahamas, que foi criada pelo seu pai para fazer investimentos no Brasil.
Críticos dizem que ele deve uma explicação mais detalhada disso e de sua suposta ligação com outra empresa em paraíso fiscal, a Kagemusha, registrada no Panamá, uma vez que esse tipo de firma é frequentemente usada para lavar dinheiro e sonegar impostos.
"Como um primeiro passo, é necessário checar se Mauricio Macri de forma maliciosa falhou ao fazer a sua declaração de impostos”, afirmou o promotor público Federico Delgado, na sua ação para o juiz Sebastián Casanello, lembrando que esse é um crime cuja sentença é de 15 dias a dois anos.
Casanello precisa agora decidir se há evidências suficientes para abrir uma investigação. Perguntado sobre o pedido do promotor, um porta-voz do governo disse que Macri há havia deixado claro que ele não cometeu nenhuma irregularidade.
Norman Darío Martínez, um parlamentar da oposição, alimentou o caso.
"A participação de Macri como diretor e vice-presidente de duas empresas nas Bahamas e no Panamá é clara, provada e admitida, e esses lugares são paraísos fiscais que costumam ser usados para lavagem de dinheiro e sonegação fiscal”, afirmou ele a um meio de comunicação.
Os milhões de documentos vazados implicaram vários políticos e homens de negócios internacionalmente, e o caso já forçou o primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur David Gunnlaugsson, a renunciar.
Parlamentares de oposição na Argentina estão pedindo a renúncia da chefe do gabinete anticorrupção do país, Laura Alonso. Ela integra o partido de Macri e rapidamente defendeu o presidente depois que os documentos apareceram, dizendo que criar uma companhia num paraíso fiscal não é crime.
“Ela veio imediatamente defender o presidente quando o seu papel é investigar se um ato de corrupção foi realizado”, disse a Frente para a Vitória, de oposição, em comunicado.