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Progresso global ignora pobres, famintos e analfabetos, diz ONU

Uma em cada três pessoas é subnutrida, mais de uma em dez vive na pobreza extrema e aproximadamente o mesmo número não sabe ler nem escrever

Desigualdade: "Ainda assim, o desenvolvimento humano tem sido desigual, e as privações humanas persistem. O progresso passou ao largo de grupos, comunidades, sociedade - e pessoas foram deixadas de fora" (Siegfried Modola/Reuters)

Desigualdade: "Ainda assim, o desenvolvimento humano tem sido desigual, e as privações humanas persistem. O progresso passou ao largo de grupos, comunidades, sociedade - e pessoas foram deixadas de fora" (Siegfried Modola/Reuters)

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Reuters

Publicado em 21 de março de 2017 às 16h34.

Última atualização em 21 de março de 2017 às 16h34.

Nova York -  Dezenas de nações venceram a pobreza e o analfabetismo, mas estes sinais de progresso amplo ocultam a desigualdade e o sofrimento de milhões de pessoas deixadas para trás, disse uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira.

Uma em cada três pessoas é subnutrida, mais de uma em dez vive na pobreza extrema e aproximadamente o mesmo número não sabe ler nem escrever, informou o Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (Pnud).

Ao mesmo tempo, o 1 por cento mais rico do mundo detém quase metade da riqueza global, segundo o relatório.

O progresso deve ser universal, disse Pnud, uma agência que trabalha para erradicar a pobreza e a desigualdade.

"As pessoas hoje vivem mais, mais crianças estão na escola e mais pessoas têm acesso a serviços sociais básicos", afirmou o relatório.

"Ainda assim, o desenvolvimento humano tem sido desigual, e as privações humanas persistem. O progresso passou ao largo de grupos, comunidades, sociedade - e pessoas foram deixadas de fora".

Avaliando as nações em termos de expectativa de vida, níveis de educação e padrão de vida, o relatório do Pnud usou o chamado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e comparou seus resultados de 2015 com aqueles que coletou em seu primeiro levantamento, em 1990.

Todos os Estados em desenvolvimento melhoraram ao longo destes 25 anos, disse. A quantidade de países que ficaram no topo do índice subiu de 11 para 51, e no extremo inferior diminuiu de 62 para 41.

Mas, tirando as fronteiras nacionais, um terço da população mundial aparece no final da escala, alertou a agência.

"A triste realidade é que milhões de pessoas caem do lado errado da média e lutam com a fome, a pobreza, o analfabetismo e a desnutrição", disse.

Do lado positivo, a taxa global de pobreza extrema (1,90 dólar por dia) foi estimada em cerca de 11 por cento - e já foi de 35 por cento.

A taxa de mortalidade de crianças de menos de 5 anos caiu em mais da metade, e nas regiões em desenvolvimento a proporção de pessoas subnutridas foi reduzida quase pela metade.

Mas 766 milhões de pessoas, metade delas crianças, ainda vivem na pobreza extrema.

O relatório recomenda uma série de soluções - tecnologia, recursos financeiros, melhoria na infraestrutura e enfrentamento de leis discriminatórias, da violência e de normas sociais que excluem pessoas.

As mulheres se beneficiariam de regulamentações contra assédio no ambiente de trabalho, assistência a crianças e idosos e cotas por gênero em organogramas empresariais.

No topo da lista de IDH estão Noruega, Austrália, Suíça, Alemanha e Dinamarca, e no final aparecem República Centro-Africana, Níger, Chade, Burkina Faso e Burundi.

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