Coreia do Norte: Xi Jinping deve procurar se aproximar pessoalmente de Trump (Thomas Peter/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 6 de abril de 2017 às 08h39.
Última atualização em 6 de abril de 2017 às 08h40.
O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, recebe hoje (6) para uma visita oficial de dois dias o presidente da China, Xi Jinping. O encontro será no sul da Flórida, no resort de golfe onde Trump costuma descansar.
No ambiente casual, longe do cerimonial da Casa Branca, os dois terão que discutir um tema difícil - o armamento nuclear na Coreia do Norte.
Os Estados Unidos querem a ajuda chinesa, país que é um dos poucos financiadores do governo coreano - para barrar os planos de armamento nuclear. Donald Trump disse que o encontro seria difícil, e a China informou dias atrás que a reunião entre os dois presidentes seria prioridade para Pequim.
Entretanto, interlocutores, imprensa e analistas veem a relação chinesa com a Coreia do Norte como um ponto extremamente complexo. Os Estados Unidos querem que a China pressione o líder norte-coreano, Kim Jong-un, a abandonar o programa nuclear.
No Twitter e em entrevistas locais, Trump disse que se a "China não resolver" a questão, os Estados Unidos vão agir. Na terça-feira (4), Trump afirmou, em entrevista, que a China tem grande influência sobre a Coreia do Norte.
"Se a China decidir ajudar [a dissuadir os planos nucleares norte-coreanos], vai ser bom para a China, do contrário não será bom para ninguém".
A reunião é considerada o maior teste diplomático para Trump até agora. O discurso do presidente norte-americano fora dos bastidores é de pressão sobre a China, mas o governo chinês tem usado a retórica da paciência até o momento.
Ontem (5), após o anúncio de que a Coreia do Norte havia testado outro míssil de médio alcance, o porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, afirmou que as duas partes deveriam ter cuidado para não fazer algo que possa criar tensões".
Até agora, o governo chinês não sinalizou que pretende retirar o financiamento aos norte-coreanos. Pequim defende que as sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o país devem ser cumpridas, mas que a saída deve ser negociada entre todas as partes.
Mais dois temas são importantes para os dois países: o comércio e as mudanças climáticas. Os Estados Unidos e a China são os dois maiores emissores de gases de efeito estufa no mundo e foram os que mais demoraram a se comprometer com ajustes para o acordo global sobre o clima, assinado em 2015 em Paris.
Donald Trump assinou uma ordem executiva em que desfez o Plano Energia Limpa, com medidas deixadas pelo seu antecessor Barack Obama, que estabelecia o compromisso de diminuir as emissões. Trump retirou todos os entraves legais para a produção de energia e, na prática, abandonou o compromisso global.
A China comentou a decisão de Trump e pediu cautela porque os dois países tiveram muitas dificuldades para fazer ajustes sobre o tema. As decisões causam impacto no futuro mundial.
No campo comercial, Trump iniciou uma fase protecionista, com propostas para desfazer pactos comerciais e fortalecer a indústria nacional. Durante a campanha, ele disse que vários acordos globais estavam prejudicando o país, entre eles as relações comerciais em bloco que envolviam a China e outros parceiros.
Trump se queixa do déficit comercial dos Estados Unidos com a China e da perda de empregos pelos norte-americanos devido às importações de produtos chineses.
Por isso, Xi Jinping deve procurar se aproximar pessoalmente de Trump. Uma situação conflituosa entre os dois países e uma postura radical do presidente norte-americano poderia ter impacto negativo sobre a economia chinesa e desacelar a indústria do país.