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Da Redação
Publicado em 15 de março de 2011 às 15h37.
Tóquio - A produção em diversos setores tecnológicos do Japão - desde chips de memória de computadores até a tecnologia usada em aviões, passando pelo setor automotivo e os aparelhos eletrônicos - pode ser afetada depois do terremoto seguido de tsunami que atingiu o país.
Uma onda de pânico atingiu nesta terça-feira a Bolsa de Tóquio, com a queda do índice Nikkei 225 em mais de 10,55%, sua terceira maior baixa histórica.
Os proprietários de ações dedicaram-se a vendê-las, atemorizados pela acumulação de problemas na central nuclear de Fukushima (nordeste) e o anúncio do governo de um aumento preocupante da radioatividade.
Entre os papéis das principais empresas cotadas em bolsa, os fabricantes de componentes eletrônicos Sony e Panasonic caíram respectivamente 8,86%, a 2.324 ienes, e 11,27%, a 866 ienes.
O governo japonês advertiu que com os portos e aeroportos destruídos ou fechados, as fábricas paradas, os circuitos logísticos perturbados como nunca e uma população traumatizada, a catástrofe já teve um impacto "considerável" sobre a atividade econômica do país.
Prevê-se falta de peças ou de componentes em muitas indústrias, "o que pode provocar uma alta dos preços ou atrasar a produção de nossos aparelhos prediletos", anunciava na segunda-feira a Engadget, site para fanáticos em tecnologia.
Os fabricantes japoneses abastecem o mundo com 40% dos componentes eletrônicos, segundo a empresa CSLA.
O Japão também é o país que fornece uma grande quantidade de memórias flash NAND, na maioria fabricadas pela Toshiba.
Os preços das memórias NAND 32 Gb já aumentaram 18%, segundo a DRAMeXhange, depois do anúncio de que a fábrica tinha sido paralisada, na província de Iwate.
Apesar de a Toshiba afirmar que sua fábrica não sofreu danos importantes, seus dirigentes continuam avaliando a situação, temendo os efeitos das réplicas nas fábricas já afetadas. Não sabem quando a produção poderá ser retomada.
As fábricas precisam, entre outras coisas, de matérias-primas e uma rede de transporte ativa, o que implica o uso de combustível e eletricidade.
Mas a dimensão da catástrofe obriga racionamento de combustível e cortes planejados de eletricidade devido aos danos provocados na infraestrutura e a paralisação das centrais nucleares.
"A Sony parou ou reduziu sua produção de oito fábricas, enquanto avalia os danos e espera o retorno da eletricidade", anunciou o fabricante de componentes eletrônicos, detalhando que estas medidas afetavam a produção de pilhas recarregáveis, CD, DVD e discos Blu-ray.
Panasonic, Fujifilm, Nikon e Canon, entre outros, fecharam suas fábricas em todas as regiões afetadas pelo terremoto seguido de tsunami, o que prejudica a fabricação de câmeras fotográficas digitais e teleobjetivas.
Toyota, o primeiro fabricante mundial automotor, interrompeu de segunda a quarta-feira a produção em todas suas fábricas.
A construtora aeronáutica americana Boeing, que se abastece no Japão, informou na segunda-feira que a avaliação do impacto do desastre estava em curso, e completou que não tinha constatado nenhum dano grave em suas fábricas.
No entanto, a Boeing teme que surjam problemas de abastecimento caso a crise se estenda por várias semanas.
"O Japão tem uma capacidade melhor para reagir, lembra das lições deixadas pelo terremoto de Kobe (em 1995, com 6.400 mortos) e é uma economia avançada", estimou, por sua vez, Shiro Armstrong, especialista das economias do leste asiático na Universidade da Austrália.