Chávez, presidente da Venezuela: governo afirma que situação dos trabalhadores melhorou (Ho/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2011 às 11h48.
Caracas - As indústrias venezuelanas do aço, ferro e alumínio, que foram progressivamente estatizadas pelo presidente Hugo Chávez, estão sofrendo um forte declínio produtivo por falta de manutenção e investimentos, afirmam líderes sindicais, que também lamentam que um setor tão próspero tenha sido prejudicado por interesses políticos.
Localizadas na extensa região de Guayana, sul da Venezuela, as indústrias básicas constituíam um dos pilares financeiros do país, que agora concentra sua atividade econômica na exportação de petróleo.
A outrora gigante siderúrgica Sidor, algumas companhias de ferro e outras empresas menores do setor foram estatizadas durante o governo Chávez, no poder desde 1999. A indústria do alumínio sempre esteve sob controle do Estado venezuelano.
Segundo os sindicalistas, este processo promoveu vícios como favoritismo político, corrupção, má gestão e pouca manutenção de equipamentos.
"A destruição de Guayana é total. Retrocedemos uns 40 anos", declarou o dirigente sindical da Sidor, Pedro Acuña.
O governo Chávez, por sua vez, afirma que melhorou a situação de milhares de trabalhadores, que antes estavam terceirizados e agora vivem um novo modelo produtivo.
"São empresas a serviço do povo, um modelo produtivo que gera bem-estar para a sociedade", enfatizou o ministro da Indústria, Básicas José Khan.
Um dos casos mais significativos da decadência do setor é a Sidor, que nos áureos tempos foi a maior siderúrgica da zona andina e do Caribe, com uma produção de 4,3 milhões de toneladas de aço líquido em 2007.
A produção caiu de 3,5 milhões em 2008 a 1,8 milhão de toneladas em 2010, segundo cifras da companhia. A Sidor foi estatizada por Chávez em 2008.
Por outro lado, a região de Guayana tem sido cenário de inúmeros protestos trabalhistas nos últimos anos.
"Não há aumento de salário há três anos, as convenções coletivas estão vencidas, não temos segurança, há escassez de matérias-primas. O descontentamento é imenso", afirmou José Luis Morocoima, sindicalista da fábrica de alumínio Bauxilum.
A crise energética que afetou a Venezuela em 2010 também é culpada por esta queda industrial. Por disposição oficial, estas empresas foram paralisadas parcialmente durante seis meses para aliviar a principal central hidrelétrica do país, que estava em situação crítica devido à seca.
Em 2010, devido a estes cortes, as produtoras de alumínio Bauxilum e Venalum reduziram sua produção em torno de 50%.
Fontes do setor afirmam que o governo também comprometeu a produção futuro ao ficar com o dinheiro que deveria ser reinvestido nas indústrias.