Emmanuel Macron, France's president, speaks during an address to inhabitants and elected officials in Spezat, France, on Tuesday, April 5, 2022. Although polls point to victory for Macron, the latest daily surveys show the gap is narrowing to Marine Le Pen. Photographer: Nathan Laine/Bloomberg via Getty Images (Nathan Laine/Bloomberg/Getty Images)
AFP
Publicado em 14 de dezembro de 2022 às 15h29.
A sede da consultoria McKinsey, do Partido Renascimento, de Emmanuel Macron, e de sua associação financiadora foram alvo de buscas nesta terça-feira, 14, em Paris, como parte das investigações sobre as condições de intervenção das consultorias, em particular nas campanhas eleitorais de 2017 e 2022 do presidente francês.
As buscas foram realizadas por juízes de instrução responsáveis por duas investigações judiciais abertas em outubro, informou a Procuradoria Nacional Financeira (PNF) nesta quarta-feira confirmando as informações do jornal Le Parisien.
Uma delas se refere à intervenção de consultorias nas campanhas eleitorais de 2017 e 2022 de Macron; a outra, ao uso frequente destas empresas pelo Estado, indicaram fontes próximas ao caso.
"A McKinsey confirma que as operações de visita de um juiz de instrução ocorreram em 13 de dezembro na sede da McKinsey França, em Paris", afirmou a empresa em um comunicado, garantindo "total colaboração com as autoridades públicas, como sempre foi o caso".
"Em seu comunicado de 24 de novembro, a PNF informou que abriu uma investigação judicial sobre as condições de intervenção de consultorias nas campanhas eleitorais de 2017 e 2022, após denúncias dos representantes eleitos e de associações", disse à AFP o porta-voz do Renascimento, Loïc Signor.
"É normal que a Justiça investigue de forma livre e independente para esclarecer esta questão", acrescentou, destacando que o partido se colocou à disposição dos juízes "para comunicar qualquer elemento útil sobre as campanhas mencionadas, no âmbito de suas investigações".
Na última campanha presidencial, um relatório do Senado gerou polêmica sobre o uso de recursos públicos para beneficiar essas empresas.
A oposição exigiu, então, uma investigação sobre o possível favoritismo, do qual a McKinsey teria-se beneficiado por parte da maioria pró-Macron.
Publicado em 16 de março por iniciativa do Grupo Comunista, Republicano, Cidadão e Ecologista do Senado, o documento relatava que os contratos entre o Estado e as empresas "mais que dobraram" de 2018 para 2021, para um valor recorde de mais de 1 bilhão de euros (valor semelhante em dólares) em 2021.
Também foi mencionado um possível acordo tributário das filiais francesas da McKinsey, que permitiria que elas evitassem o pagamento de impostos corporativos entre 2011 e 2020.
Em 31 de março, a PNF abriu uma investigação preliminar por fraude fiscal agravada para verificar a validade dessas acusações.
Segundo o jornal Mediapart, alguns membros da empresa podem ter trabalhado gratuitamente para a vitoriosa campanha presidencial de Emmanuel Macron em 2017.
Se os juízes de instrução considerarem que Macron deve dar explicações sobre estas questões, poderão intimá-lo no final do seu segundo mandato no Eliseu, mas apenas por atos que não tenham sido cometidos no exercício de suas funções como presidente.
O ministro da Economia e das Finanças, Bruno Le Maire, reconheceu "abusos", no passado, no uso de consultorias como a McKinsey, mas considerou que esse hábito já foi "corrigido".
Em um relatório confidencial revelado na segunda-feira (12) pelo jornal Le Monde, o Tribunal de Contas nota que o Estado fechou vários contratos de consultoria em condições "problemáticas" durante a crise sanitária.