Salazar foi quem encontrou indícios para investigar por associação ilícita o vice-presidente Glas no âmbito do esquema de subornos da Odebrecht (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
AFP
Publicado em 23 de outubro de 2017 às 06h47.
A Procuradoria do Equador denunciou, neste domingo, ameaças de morte contra a procuradora Diana Salazar, que investiga a entrega de subornos milionários por parte da construtora Odebrecht em troca de contratos.
"A Procuradoria-Geral do Estado rejeita firmemente qualquer ato que busque amedrontar seus funcionários e tente obstruir as investigações", indicou o organismo em um comunicado após divulgar as intimidações contra Salazar.
[BOLETÍN] FGE condena amenazas perpetradas contra Fiscal Diana Salazar y ratifica su lucha contra la impunidad ➡️ https://t.co/NdVq7ZyfF8 pic.twitter.com/DHTFfzgFVN
— Fiscalía Ecuador (@FiscaliaEcuador) October 22, 2017
A Procuradoria publicou em sua conta de Twitter um vídeo em que um mascarado com voz distorcida exige a renúncia de Salazar. "Não ponha em risco a sua querida família. É hora de fazer verdadeira justiça. Exigimos que renuncie imediatamente", adverte a voz.
Salazar coordena a Unidade de Transparência e Luta contra a Corrupção, organismo encarregado da investigação sobre o esquema de corrupção da Odebrecht. Nesse caso há ao menos 18 detidos sem sentença no país, entre eles o vice-presidente Jorge Glas, que não foi acusado.
A Unidade investigou também o caso FIFAgate no Equador, que derivou em uma sentença de 10 anos de prisão por lavagem de dinheiro contra o ex-chefe do futebol local Luis Chiriboga.
"Na vida se escolhe o caminho do bem ou do mal. Esta vez cabe a você eleger, doutora, entre o que faz e quer para a sua família. (...) Justiça, verdade ou morte", acrescenta a voz do vídeo, que no início exibe a legenda "Frente de Liberación Popular", um suposto grupo até agora desconhecido.
O Procurador-Geral do Equador, Carlos Baca, qualificou as ameaças como "atos de covardia" e assegurou que a luta contra a corrupção "é um caminho irreversível", segundo um comunicado da entidade.
O ministro do Interior, César Navas, assinalou que "foi mobilizado todo o contingente das unidades especializadas da polícia nacional para poder investigar este caso e sobretudo garantir a vida, a saúde e o bem-estar da procuradora e de sua família", disse em uma entrevista a uma rádio pública.
Salazar foi quem encontrou indícios para investigar por associação ilícita o vice-presidente Glas no âmbito do esquema de subornos da Odebrecht.