Confronto entre o Liverpool e o Nottingham Forest em 1989: o texto revela que 41 pessoas poderiam ter sido reanimadas se tivessem recebido atendimento adequado (Reprodução/Footballpanorama.com)
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2012 às 15h25.
Londres - O procurador-geral do Reino Unido, Dominic Grieve, tornou pública nesta terça-feira sua intenção de levar ao Tribunal Superior britânico pedido para que seja anulada a investigação original da tragédia de Hillsborough, na qual morreram 96 torcedores do Liverpool em 1989.
Um ano depois do ocorrido no estádio do Sheffield Wednesday, a justiça determinou que todas as mortes foram acidentais, tese que os familiares das vítimas contestaram desde o início. Agora, a versão foi colocada em dúvida por um relatório independente divulgado no dia 12 de dezembro.
O documento, elaborado a partir de dados desclassificados em 2011, foi apresentado no Parlamento de Westminster pelo primeiro- ministro, David Cameron. O texto revela que 41 pessoas poderiam ter sido reanimadas se tivessem recebido atendimento adequado.
"Vou encaminhar o pedido para que cada uma das 96 investigações seja cancelada. Acho que todas essas mortes e suas causas deveriam ser analisadas de novo", afirmou o procurador-geral na Câmara dos Comuns.
O representante legal dos familiares das vítimas, Michael Mansfield, comemorou a decisão, já que reivindicar uma nova investigação é uma "decisão extremamente delicada".
Segundo Mansfield, o anúncio de Grieve "é especialmente bem-vindo porque as famílias sofreram durante muito tempo. A investigação original foi conduzida sobre pilares falsos e muitos familiares rejeitaram assinar as certidões de óbito até que acontecesse um procedimento claro".
O relatório do legista que foi utilizado pela justiça para definir a sentença sobre a tragédia de Hillsborough, determinava que as vítimas sofreram uma asfixia traumática, o que os deixou inconscientes em poucos segundos e os matou minutos depois.
As análises pós-morte que estão sendo realizadas, entretanto, já mostraram que 41 das pessoas que morreram apresentavam sintomas de que o coração e os pulmões continuaram funcionando após serem esmagados. Segundo os especialistas, a asfixia poderia ter sido "reversível".
O documento também mostra que a polícia britânica alterou provas e declarações durante a investigação da tragédia, para tentar culpar os torcedores.
As revelações desencadearam o anúncio, pela promotoria britânica e uma comissão independente anunciassem uma investigação sobre diversos agentes, tanto da ativa, como aposentados, que participaram do caso.