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Procurador de NY se demite após acusação de violência contra mulheres

O procurador-geral de Nova York, Eric Schneiderman, que defendeu o movimento #MeToo, pediu demissão após denúncias de violência contra quatro mulheres

Schneiderman: o procurador negou as denúncias e se afastou do cargo por não conseguir dirigir a Procuradoria neste período (REUTERS/Brendan McDermid/File Photo/Reuters)

Schneiderman: o procurador negou as denúncias e se afastou do cargo por não conseguir dirigir a Procuradoria neste período (REUTERS/Brendan McDermid/File Photo/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de maio de 2018 às 09h30.

O procurador-geral do estado de Nova York, Eric Schneiderman, que havia defendido publicamente o movimento #MeToo, anunciou sua demissão na segunda-feira (7), horas depois de ser acusado na imprensa de violência contra quatro mulheres.

A notícia representa uma mudança surpreendente na trajetória do democrata, grande opositor de Donald Trump e defensor no âmbito judicial do movimento #MeToo, que luta contra o assédio sexual e foi criado após o escândalo do caso Weinstein.

Schneiderman avaliou que as acusações, que não estão relacionadas com sua atividade profissional, impedem-no de "dirigir a Procuradoria neste período crítico", e anunciou sua demissão, que será efetiva na noite desta terça-feira.

"Nas últimas horas, fizeram denúncias sérias contra mim, que contestei com firmeza", declarou Schneiderman.

Em um artigo publicado no site da revista "New Yorker", duas mulheres denunciaram abertamente Schneiderman, e outras duas fizeram acusações sob anonimato.

Mannig Barish, uma das supostas vítimas, garantiu ter mantido uma relação com Schneiderman entre o verão (boreal) de 2013 e o final de 2015, enquanto outra mulher, identificada no artigo como Tany Selvaratnam, revelou um relacionamento com o procurador entre o verão de 2016 e o outono de 2017.

As duas mulheres afirmam que foram agredidas por Schneiderman, ex-senador democrata, em várias ocasiões quando ele estava sob o efeito de bebidas alcoólicas, incluindo estrangulamentos, no que entenderam como uma tentativa de dominá-las física e psicologicamente.

Schneiderman, segundo as denunciantes, as ameaçava de morte, caso abandonassem a relação.

"Na intimidade de relações privadas, participei de jogos e de outras atividades sexuais consentidas", afirmou Schneiderman em um comunicado.

"Não agredi ninguém e jamais mantive relações sexuais não consentidas", insistiu.

As mulheres afirmaram que em nenhum momento consentiram, ou pediram a Schneiderman este tipo de tratamento.

O governador de Nova York, o democrata Mario Cuomo, pediu a renúncia do procurador.

"Minha opinião pessoal é que, observados os fatos mencionados no artigo, não é possível que Eric Schneiderman continue servindo como procurador", disse.

Procurador desde 2010, Schneiderman se tornou um dos oponentes mais ativos do presidente Donald Trump e promoveu várias ações legais contra medidas da administração federal ligadas ao clima, à imigração e à neutralidade na Web.

Em fevereiro, o procurador apresentou uma ação judicial contra o ex-produtor de Hollywood Harvey Weinstein e sua empresa por fracassar na proteção de seus funcionários e por agressões sexuais.

Weinstein foi acusado de assédio e agressão sexual por mais de 100 mulheres.

Um dos autores do artigo na "New Yorker" é o jornalista e escritor Ronan Farrow, filho de Mia Farrow e Woody Allen, e recente ganhador do prêmio Pulitzer por sua matéria sobre Weinstein.

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