Odebrecht: escândalo envolvendo a empreiteira na Colômbia termina em mortes (Paulo Whitaker/Reuters)
EFE
Publicado em 10 de janeiro de 2019 às 07h16.
O procurador-geral da Colômbia, Néstor Humberto Martínez, confirmou nesta quarta-feira que Rafael Merchán, ex-secretário de Transparência da Presidência e testemunha no caso Odebrecht no país, se suicidou ao ingerir cianureto comprado em uma loja de produtos químicos de Bogotá.
Martínez citou as conclusões dos legistas que fizeram a autópsia do corpo de Merchán. No relatório, eles afirmam que o ex-secretário morreu de "intoxicação por ingestão de cianureto" e que o promotor encarregado pela investigação do caso decidiu arquivá-lo.
"Desta forma, o caso será fechado judicialmente e assim informamos na tarde de hoje, depois de uma reunião de cerca de duas horas, à família de Rafael Merchán", disse Martínez.
O ex-secretário, de 43 anos, seria testemunha no processo penal contra o ex-presidente da Agência Nacional de Infraestrutura (ANI) Luis Fernando Andrade, investigado no escândalo da Odebrecht.
Segundo o procurador-geral, Merchán fez uma busca sobre a substância na internet no dia 21 de dezembro e depois ligou para várias lojas de produtos químicos que vendem cianureto.
Após as ligações, o ex-secretário comprou um quilo do produto. O Ministério Público confirmou a compra com base no testemunho do vendedor da loja, que se lembra da negociação porque Merchán não tinha dinheiro para pagar pelo cianureto.
Após a compra, Merchán pegou um táxi, fez um saque em um caixa eletrônico e voltou para seu apartamento. As câmeras de segurança flagraram, segundo o procurador, o ex-secretário com um pacote na mão no elevador do prédio. O vídeo foi divulgado pelo órgão. Já em casa, Merchán não falou com ninguém e ficou sozinho, morrendo entre os dias 21 e 22 de dezembro.
"Ele permaneceu absolutamente só, não teve contato com nenhuma pessoa ao longo desse dia", explicou Martínez.
O suicídio de Merchán gerou uma série de suspeitas de queima de arquivo na Colômbia por ter ocorrido depois da morte de Jorge Enrique Pizano, outra testemunha-chave do caso Odebrecht. Segundo as autoridades, ele sofreu um infarto dentro de casa.
Três dias depois, Alejandro Pizano, filho de Jorge Enrique, que tinha ido ao país para o funeral, morreu envenenado com cianureto ao beber uma água que encontrou na escrivaninha do pai.
No fim do ano passado, o diretor do Instituto de Medicina Legal da Colômbia, Carlos Valdés, renunciou ao cargo após o órgão se envolver em uma polêmica ao divulgar provas sobre a morte de Jorge Enrique Pizano.
Martínez disse que o caso deve ser usado para que o governo proíba a venda de cianureto em todo o país.