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Processo de impeachment de Trump entra em semana chave no Congresso

Depois de dois meses de investigação na Câmara e cerca de 15 audiências, comissão judicial se reúne para redigir as acusações contra o presidente

Congresso americano: depois de Comitê Judicial aprovar denúncias, plenário deverá votar impeachment do presidente (Stringer/Reuters)

Congresso americano: depois de Comitê Judicial aprovar denúncias, plenário deverá votar impeachment do presidente (Stringer/Reuters)

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AFP

Publicado em 10 de dezembro de 2019 às 09h50.

Última atualização em 10 de dezembro de 2019 às 09h51.

São Paulo — Democratas e republicanos se enfrentaram duramente nesta segunda-feira para oferecer conclusões opostas sobre o processo de impeachment do presidente Donald Trump, ilustrando as profundas divisões partidárias nos Estados Unidos.

Neste clima de confronto, se iniciou a apresentação das conclusões — por legisladores e especialistas — sobre o caso ucraniano, no qual os democratas acusam Trump de abuso de poder.

A oposição democrata apresentou suas conclusões contra o republicano Trump, antes da votação na Câmara de Representantes que deverá dar prosseguimento ao impeachment, possivelmente antes do Natal.

Após cerca de dez horas de audiência, com duros enfrentamentos verbais, o chefe democrata do Comitê Judicial da Câmara, Jerry Nadler, disse que a conduta de Trump "é claramente merecedora de uma acusação formal".

O presidente "colocou seus próprios interesses acima da nossa segurança nacional" e "segue representando uma ameaça para a integridade das nossas eleições e do nosso sistema democrático", afirmou Nadler.

Já os republicanos seguiram a linha de defesa da Casa Branca e denunciaram "um espetáculo político".

Os democratas "não conseguiram absorver o fato de que Donald Trump é o presidente", declarou o membro republicano do Comitê Doug Collins.

Trump, que viu "um pouco" da audiência, qualificou o processo de "vergonha e manipulação".

Os democratas abriram uma investigação no final de setembro contra Trump na Câmara de Representantes, onde têm maioria, depois de saber que havia pedido à Ucrânia que investigasse Joe Biden, bem posicionado para enfrentar o presidente nas eleições de 2020.

Para Nadler, "a acusação no fundo (do caso) é que o presidente colocou seus interesses acima dos do país em várias ocasiões pedido repetidamente a uma potência estrangeira que interferisse em nossas eleições".

Isso representa, advertiu, "um perigo real para as eleições presidenciais" de novembro de 2020, em que o magnata republicano busca um segundo mandato.

Já Collins considerou que todo o assunto não passa de uma "boa operação de relações públicas" dos democratas antes das eleições de 2020.

"Tudo é político. Onde está o crime passível de impeachment?! Por que motivo estamos aqui?", questionou Collins.

Redação das acusações

Trump proclama sua inocência e denuncia uma investigação inconstitucional, uma "farsa" democrata montada contra ele, com a qual se nega a cooperar.

Depois de dois meses de investigação na Câmara de Representantes e cerca de quinze audiências, a comissão judicial se reúne esta semana para redigir as acusações contra o presidente.

O grupo começará a ouvir representantes de democratas e republicanos na manhã desta segunda-feira.

Espera-se que ambos os partidos defendam versões muito diferentes das conclusões que extraídas durante a investigação e os motivos que justificam ou não a destituição.

Essa audiência será uma "farsa", disse Trump no domingo.

Os democratas podem acusar o presidente de abuso de poder, corrupção, obstaculizar o trabalho do Congresso e da justiça.

Isso aceleraria uma eventual votação do plenário da Câmara de Representantes sobre uma acusação contra Trump, algo que provavelmente sucederá antes do Natal.

Entretanto, o Comitê Judicial é que deve aprovar essas acusações, o que acontecerá, quase com toda certeza, nesta semana.

Trump "será absolvido"

Considerada a maioria democrata na Câmara, Trump será o terceiro presidente da história, depois que Andrew Johnson e Bill Clinton, de enfrentar um impeachment no Congresso. Sem o apoio dos próprios republicanos, Richard Nixon renunciou antes da votação no plenário.

Neste caso, Trump provavelmente será absolvido durante o processo no Senado, onde os republicanos são maioria e Trump conta com apoio amplo dos membros de seu partido.

Os republicanos acusam os democratas de acelerarem o processo com o único objetivo de destituir Trump para não enfrentá-lo nas eleições presidenciais do ano que vem. Enquanto isso, o presidente promete se vingar nas urnas.

A investigação dos democratas é uma "verdadeira vergonha", denunciou neste domingo o porta-voz da Casa Branca, Stephanie Grisham. "(Os democratas) têm medo das próximas eleições".

Embora a Câmara de Representantes o acuse, o presidente terá um "julgamento justo" no Senado, disse na Fox News, reiterando que "não fez nada errado".

Os senadores republicanos querem que vários democratas sejam convocados, incluindo Joe Biden e seu filho Hunter, que entrou para um conselho de um grande grupo de gás ucraniano na época que seu pai era vice-presidente de Barack Obama. Por isso Trump o acusa de corrupção.

O senador republicano Lindsey Graham, um influente aliado do presidente, advertiu o domingo que lhe aconselharia não convocar essas testemunhas para terminar rapidamente um procedimento que "desgarra o país".

"Assim que 51 de nós", uma maioria simples do Senado, "dissermos que ouvimos o suficiente, esse julgamento terminará", disse na Fox News."O presidente será absolvido".

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