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Problema dos EUA com bebidas alcoólicas está cada vez pior

Número de adultos que bebe compulsivamente pelo menos uma vez por semana pode chegar a 30 milhões, mais que a população da maioria dos estados do país

Álcool: cerca de 12,6 por cento dos adultos relataram um consumo de risco durante o ano anterior em 2012-13 (iStock/Thinkstock)

Álcool: cerca de 12,6 por cento dos adultos relataram um consumo de risco durante o ano anterior em 2012-13 (iStock/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2017 às 06h00.

Última atualização em 13 de agosto de 2017 às 06h00.

Os americanos estão bebendo mais do que antigamente, uma tendência preocupante com implicações possivelmente terríveis para os futuros custos de saúde do país.

O número de adultos que bebe compulsivamente pelo menos uma vez por semana pode chegar a 30 milhões, mais que a população de cada um dos estados do país, exceto Califórnia, de acordo com um estudo publicado na quarta-feira no periódico acadêmico JAMA Psychiatry. Um número semelhante relatou abuso ou dependência de bebidas alcoólicas.

Entre os gêneros, as mulheres mostraram o maior aumento no uso abusivo de bebidas alcoólicas, de acordo com o relatório.

"Este deveria ser um grande alerta", disse David Jernigan, diretor do Centro de Marketing de Álcool e Juventude da Faculdade de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, que não esteve envolvido na pesquisa. "O álcool é nosso principal problema de droga, e não é um problema apenas entre os jovens."

Embora o consumo de álcool entre menores de idade tenha diminuído nos últimos anos, entre adultos ele aumentou em todos os grupos demográficos. O aumento também foi especialmente grande entre idosos, minorias e pessoas com níveis mais baixos de escolaridade e renda dos EUA.

Esse aumento é "surpreendente", disse Bridget Grant, pesquisadora do Instituto Nacional sobre Abuso de Álcool e Alcoolismo e principal autora do artigo. "Não vimos aumentos assim por três ou quatro décadas."

A proporção de adultos que relataram qualquer uso de bebidas alcoólicas, consumo de alto risco, dependência ou abuso de álcool aumentou significativamente entre as pesquisas realizadas em 2001-02 e as seguintes, em 2012-2013.

Os pesquisadores entrevistaram pessoalmente dezenas de milhares de indivíduos fazendo perguntas semelhantes, o que oferece uma perspectiva robusta e representativa nacionalmente de como os hábitos de consumo de bebidas alcoólicas dos americanos evoluíram no século 21.

Cerca de 12,6 por cento dos adultos relataram um consumo de risco durante o ano anterior em 2012-13, em comparação com 9,7 por cento em 2001-02.

O comportamento era considerado de alto risco se as pessoas superassem as diretrizes do governo sobre o consumo excessivo de álcool, quatro doses em um dia para as mulheres e cinco doses para os homens, pelo menos uma vez por semana.

Esse aumento de 3 pontos porcentuais pode não parecer um salto enorme, mas, considerando que a população adulta dos EUA é de cerca de 250 milhões, ele significa aproximadamente que mais 7 milhões de pessoas passaram a beber de forma compulsiva pelo menos uma vez por semana.

O aumento do uso abusivo ou dependência de bebidas alcoólicas foi ainda maior: cerca de 12,7 por cento dos entrevistados relataram esse comportamento no período 2012-2013, em comparação com 8,5 por cento em 2001-02.

Esse aumento porcentual equivale aproximadamente a 10,5 milhões de pessoas na população atual.

As pesquisas avaliaram o uso abusivo ou a dependência usando critérios padronizados de diagnóstico, com perguntas como se as pessoas tinham dificuldade em reduzir o consumo ou se continuavam bebendo inclusive quando isso causava problemas com familiares e amigos.

Não há uma única explicação para o aumento. Os pesquisadores apontam para o estresse econômico após a Grande Recessão; a maior facilidade de acesso às bebidas alcoólicas em restaurantes e varejistas; e o impacto reduzido dos impostos sobre o álcool. Como porcentual da renda média, o álcool é mais barato hoje do que em qualquer momento desde pelo menos 1950.

O marketing generalizado da indústria do álcool e novos produtos, como vodcas aromatizadas ou misturadas com limonada ou chá gelado, também podem estar provocando parte do aumento entre as mulheres e outros grupos demográficos, disse Jernigan.

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