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Prisão perpétua para chefe da Irmandade Muçulmana no Egito

Outros 36 membros da entidade também tiveram prisão perpétua decretada

Egípcios durante manifestação de simpatizantes da Irmandade Muçulmana no 1º aniversário da deposição de Mohamed Mursi (Alaa Al-Sonoty/AFP)

Egípcios durante manifestação de simpatizantes da Irmandade Muçulmana no 1º aniversário da deposição de Mohamed Mursi (Alaa Al-Sonoty/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2014 às 10h35.

Cairo - Um tribunal egípcio condenou neste sábado o líder da Irmandade Muçulmana e outros 36 islamitas à prisão perpétua e confirmou a pena de morte para outros dez acusados por uma manifestação violenta.

O guia supremo Mohamed Badie, detido e processado em uma dezena de julgamentos, como quase todos os membros da direção de seu movimento islamita, já tem outras duas condenações à morte por manifestações violentas em julho de 2013, após a deposição do ex-presidente islamita Mohamed Mursi pelo exército.

Entre os condenados à prisão perpétua também figuram um diretor da Irmandade Muçulmana, Mohamed al-Beltagui, o pregador islamita Safwat Hegazy, dois ex-ministros de Mursi e dois ex-parlamentares filiados ao movimento.

O mesmo tribunal confirmou, por outro lado, as penas de morte pronunciadas contra outros dez acusados, a maioria à revelia, por esta mesma manifestação na qual duas pessoas teriam morrido em Qaliub, no delta do Nilo.

Desde a deposição, no dia 3 de julho de 2013, do presidente Mohamed Mursi, as autoridades egípcias são acusadas de utilizar a justiça como um instrumento repressivo, especialmente contra a Irmandade Muçulmana, que havia vencido todas as eleições desde as revoltas que acabaram em 2011 com três décadas de poder de Hosni Mubarak.

Mais de mil manifestantes perderam a vida, 15.000 foram detidos e centenas condenados à morte após julgamentos maciços sumários denunciados pela comunidade internacional e pelas ONGs.

No dia 14 de agosto de 2013, um verão especialmente violento, mais de 700 partidários de Mursi morreram em algumas horas pelos disparos da polícia e do exército, segundo fontes oficiais.

Em represália, os islamitas incendiaram delegacias, igrejas e casas de famílias cristãs em todo o país, acusadas de ter apoiado o golpe de Estado militar.

Desde então, os ataques contra as forças de ordem se tornaram comuns. Segundo o governo, nestes atentados, reivindicados em sua maioria por grupos jihadistas, mais de 500 policiais e soldados morreram.

Estes grupos não têm nenhum vínculo com a Irmandade Muçulmana, mas as autoridades declararam o movimento, com uma história de 86 anos, como terrorista e o relegaram à clandestinidade.

O ex-militar Abdel Fattah al-Sissi, que derrubou Mursi e se converteu recentemente em presidente depois de vencer as eleições com 97% dos votos, prometeu acabar com o movimento islamita.

A repressão, que no início estava dirigida contra os islamitas, também inclui militantes laicos e progressistas que estavam com o exército há um ano.

Também afetou jornalistas. Três repórteres da Al-Jazeera em inglês, entre eles o australiano Peter Greste, foram condenados a entre 7 e 10 anos de prisão por apoiar supostamente a Irmandade Muçulmana, um julgamento que provocou indignação internacional.

A Irmandade Muçulmana garante que seu movimento é pacífico, mas vários membros do grupo participaram de ataques contra a polícia.

Na sexta-feira, quatro pessoas morreram supostamente ao manipular um artefato explosivo em uma fazenda, propriedade de um dos líderes do grupo, segundo o ministério do Interior.

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