Maria Boutina não teria revelado oficialmente, como exige a lei, que trabalhava para o governo russo (Leonhard Foeger/Reuters)
AFP
Publicado em 18 de julho de 2018 às 12h27.
A detenção nos Estados Unidos da russa Maria Boutina, acusada de tentar influenciar organizações políticas americanas em benefício de Moscou, visou a "minimizar o efeito positivo" da cúpula entre Donald Trump e Vladimir Putin - alegou a diplomacia russa, nesta quarta-feira (18).
"Isso aconteceu com o objetivo claro de minimizar o efeito positivo" da cúpula entre os dois dirigentes, realizada segunda-feira em Helsinque, afirmou a porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova, em entrevista coletiva nesta quarta.
"Isso dá a impressão de que alguém, com seu relógio e sua calculadora, calculou não apenas a data, mas o horário, para que essa história apareça ao máximo", disse ela, acrescentando que "parece que o FBI obedece abertamente a uma ordem política".
Maria Boutina, de 29 anos, foi detida no domingo nos EUA por ter agido "como agente de uma autoridade de um governo estrangeiro". Ela compareceu à Justiça na segunda-feira, em Washington.
O anúncio de sua detenção foi feito algumas horas depois da cúpula entre os presidentes Vladimir Putin e Donald Trump, durante a qual Trump pareceu isentar seu colega russo das acusações da Justiça e da comunidade de Inteligência americanas da ingerência de Moscou na eleição presidencial de 2016.
Boutina é denunciada por ter-se "infiltrado em organizações" políticas para "promover os interesses da Federação da Rússia", segundo a ata de acusação que faz referência a uma "organização militante pelo direito ao porte de arma".
Maria não teria revelado oficialmente, como exige a lei, que trabalhava para o governo russo.
A Rússia recebeu essa nova detenção com "preocupação", declarou Maria Zakharova.
A Rússia "está tomando todas as medidas possíveis para proteger os direitos dessa cidadã russa", acrescentou a porta-voz, indicando que "a embaixada da Rússia em Washington insiste em um encontro consular com Maria Boutina".