Theresa May: "Eu acho que ela escolheu Florença porque as políticas de Florença no século 15 lhe fizeram se sentir em casa" (Francois Lenoir/Reuters)
Reuters
Publicado em 28 de setembro de 2017 às 21h21.
Londres - O principal negociador do Brexit para o Parlamento Europeu zombou nesta quinta-feira da primeira-ministra britânica, Theresa May, dizendo que ela realizou seu discurso sobre a saída do Reino Unido da União Europeia em Florença porque é familiar às políticas de traição do século 15 da cidade.
Em um discurso a estudantes na Escola de Economia de Londres, Guy Verhofstadt disse que o Brexit é negativo e uma perda de tempo e energia, embora também tenha dito que a decisão do Reino Unido de deixar o bloco foi um fracasso para a União Europeia.
"Eu acho que ela escolheu Florença porque as políticas de Florença no século 15 lhe fizeram se sentir em casa", disse Verhofstadt com um sorriso. "Punhaladas pelas costas, traições, famílias nobres lutando por poder... É um ambiente que ela reconheceu muito bem".
Ele disse que a única consequência positiva do Brexit é que o estado de espírito na UE se reverteu desde a votação para saída do Reino Unido, em junho de 2016, e que agora muitos cidadãos da UE não querem destruir a União.
Após May notificar formalmente a UE em março sobre a intenção do Reino Unido de deixar o bloco, os dois lados possuem cerca de um ano restante para negociar os termos da separação e os elementos da relação futura antes da saída, em março de 2019.
Ambos os lados precisam de um acordo para manter comércio fluindo entre o maior bloco comercial do mundo e a quinta maior economia global, embora alguns executivos e diplomatas temam o que classificam como um Brexit desordenado sem um acordo.
May esperava que um discurso que deu em Florença na sexta-feira desbloqueasse as conversas de três meses e abrisse caminho para que a UE começasse discussões sobre um acordo de livre comércio pós-Brexit.
A UE e o Reino Unido tiveram progresso na rodada mais recente de conversas de separação, mas não o suficiente para avançarem à próxima fase de discussões sobre um período de transição após o Brexit ou um acordo comercial futuro, disseram negociadores seniores nesta quinta-feira.
Quando Verhofstadt foi perguntado se pensava que um acordo pudesse ser enfim feito sobre o Brexit, ele disse: "Esta é a pretensão que eu tenho e é em direção a isto que nós trabalhamos".
"E para que um acordo de retirada seja feito em março de 2019 significa que precisa haver um acordo de fato em outubro ou novembro porque o acordo irá ao Parlamento Europeu e precisamos de quatro ou cinco meses", disse.