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Primeiro museu feminista abre suas portas na Suécia

O museu da História da Mulher abre suas portas neste sábado em Umeå, norte da Suécia


	Adolescentes lêem prospecto de campanha feminista em Estocolmo, Suécia
 (Jonathan Nackstrand)

Adolescentes lêem prospecto de campanha feminista em Estocolmo, Suécia (Jonathan Nackstrand)

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Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2014 às 17h07.

Estocolmo - O museu da História da Mulher, que se apresenta como o primeiro museu feminista do mundo, abre suas portas neste sábado em Umeå, norte da Suécia.

O estabelecimento é "o único museu do mundo dedicado ao lugar ocupado pela mulher na história, no presente e no futuro", explica à AFP Maria Perstedt, diretora do local.

Esta orientação específica o distingue dos demais museus dedicados às mulheres e sua história.

"Nós queremos explorar diversas perspectivas: em larga escala, tratando as relações entre os sexos e o poder; e numa escala individual, dando protagonismo aos objetos e às narrativas", conta Perstedt.

Instalado na capital europeia da cultura de 2014, perto do círculo polar, o museu sonha em fazer ouvir as vozes das mulheres e "descrever e provocar ideias, normas e estruturas que limitam, hoje, as escolhas e as possibilidades de mulheres e homens".

Segundo Perstedt, que integrou o projeto em 2010, a ausência da perspectiva feminista em outros museus da Suécia impossibilitou que o público refletisse sobre tais questões.

A iniciativa pretende envolver pesquisadores e criar "um museu vivo", um local de encontros e de debates.

O museu, totalmente financiado pelo município, não tem coleção permanente. Oferece duas exposições paralelas permanentes: uma sobre o envelhecimento e outra chamada "Raízes".

A entrada é gratuita e a diretora não informou estimativas sobre o número de visitantes.

"Precisamos de um museu como esse, já que as mulheres foram excluídas da escrita da História, já que são os homens que a contam", afirma Hannah Lemoine, consultora de igualdade para a empresa AddGender.

"O fato de que o lugar das mulheres na História seja mostrado é um sinal de que o estatuto das mulheres na sociedade aumentou", comemora Lemoine.

"Antes que a norma masculina desapareça, devemos destacar categorias específicas antes que elas sejam completamente integradas à escrita da História", ressalta a consultora.

Na Suécia, o feminismo faz parte do cotidiano. Segundo uma pesquisa encomendada pela rádio estatal SR em agosto, cerca da metade dos eleitores do país se apresentam como feministas. O partido Iniciativa Feminista, contudo, não conseguiu integrar o parlamento - após obter menos de 4% dos eleitores, limite para eleger um representante.

"Os outros partidos dizem ser feministas para atrair eleitores", garante Maud Eduards, professora de ciência política da Universidade de Estocolmo.

O primeiro-ministro sueco, Stefan Löfven, ganhou a opinião pública após ter afirmado, em 2012, ser feminista: "sou feminista e ponto final". Seu predecessor, Fredrik Reinfeldt, sempre se negou a empregar o termo, o que lhe rendeu inúmeras críticas.

No país, condenar a abertura de um museu como este é politicamente incorreto. Em Umeå, o chefe da oposição, Anders Ågren, queria abandonar o projeto pelo alto custo que representaria ao contribuinte: 11,5 milhões de coroas suecas (cerca de 3,77 milhões de reais). Ågren agora é prefeito da cidade e não quis responder às perguntas da AFP.

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