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Primeiro leilão de gás de xisto pode incluir até 5 bacias

Segundo assessor da ANP, bacias de Parecis, Parnaíba, Recôncavo, entre outras, têm maior incidência do gás de xisto


	Petrobras: empresa é a única que atualmente explora o gás de xisto no Brasil
 (Ricardo Moraes/Reuters)

Petrobras: empresa é a única que atualmente explora o gás de xisto no Brasil (Ricardo Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2013 às 16h04.

Rio de Janeiro - O primeiro leilão de gás não convencional no Brasil, previsto para dezembro, poderá ofertar blocos de até cinco potenciais bacias sedimentares, segundo levantamento preliminar da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).

Pesquisas iniciais da ANP apontam que as maiores incidências do gás não convencional, também chamado de gás de xisto, estão nas bacias de Parecis (em Mato Grosso), Parnaíba (entre Maranhão e Piauí), Recôncavo (na Bahia), Paraná (entre Paraná e Mato Grosso do Sul) e São Francisco (entre Minas Gerais e Bahia), disse à Reuters Olavo Colela, assessor da diretoria da ANP.

Entre os estudos da ANP, os menos avançados estão na bacia do São Francisco, uma vez que já existem contratos de concessão para extração de gás convencional na região e empresas privadas avaliam a área.

Bacias localizadas na floresta amazônica ou em mar, mais complexas, ficariam de fora das primeiras licitações.

O governo quer dar início à produção do gás de xisto no Brasil e pretende realizar em dezembro o primeiro leilão específico para esse tipo de exploração.

"O gás é o mesmo, mas a forma de produção e o reservatório são diferentes. É um reservatório com mais porosidade (o de xisto), como se fosse uma esponja, e é preciso fazer o fraturamento desses poros com água para que saia o gás", explicou Colela.


PREÇOS

O gás de xisto mudou a matriz energética dos EUA nos últimos cinco anos, derrubando os preços da commodity no mercado doméstico. Lá, as cotações caíram de entre 10 dólares a 13 dólares por milhão de BTU (unidade padrão de volume de gás) para algo em torno de 2 dólares por milhão de BTU.

No Brasil ainda não existe uma perspectiva de preços a serem obtidos com o gás não convencional, mas, segundo Colela, dificilmente os valores cairão ao patamar norte-americano.

"Lá houve uma explosão da produção e os Estados Unidos não possuem autorização para exportar ainda. Essa sobreoferta derrubou os preços." Embora tenha potencial de ser abundante e barato, o gás de xisto tem extração polêmica. Teme-se que o processo de fraturamento hidráulico da rocha, necessário para a retirada do gás, possa gerar contaminação dos lençóis freáticos.

"O risco ambiental de extração de gás não convencional não é maior que a produção convencional em mar, visto que há a possibilidade de vazamentos como o que ocorreu no Golfo do México. Mas no caso de contaminação de lençol freático, isso é mais próximo das pessoas, chega às torneiras das casas", ponderou.


RESERVAS

Segundo Colela, avaliações preliminares indicam que o gás não convencional pode aumentar significativamente as reservas da commodity no Brasil.

"Atualmente, as reservas de gás no país são de 32 trilhões de pés cúbicos (TCF), mas a agência de energia do governo dos Estados Unidos (AIE) afirma que somente a bacia do Paraná tem potencial para 226 TCF", disse ele. "Mas não sabemos de onde saiu esse número".

Segundo ele, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, anunciou recentemente que estimativas apontam para reservas brasileiras de gás em terra de até 500 TCF.

Este volume seria dividido da seguinte forma: 202 TCF nas bacias do Parecis, Parnaíba e Recôncavo, mais os 226 TCF da bacia do Paraná estimados pela agência norte-americana, e pouco mais de 70 TCF na bacia do São Francisco.

A produção de gás não convencional no Brasil é praticamente inexistente. A única exploração do gênero é feita pela Petrobras, no município de São Mateus do Sul (PR). A estatal produz lá uma quantidade pequena de óleo e gás via fraturamento.

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