Bandeiras de países em frente ao prédio da ONU: reuniões, que tem a Suíça como país anfitrião e responsável pela logística, continuarão amanhã na sede da ONU em Genebra (File Upload Bot / Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2013 às 15h59.
Genebra - O primeiro dos dois dias de negociações nucleares entre Irã e um grupo de seis países, incluindo Estados Unidos e Rússia, terminou nesta terça-feira com sinais encorajadores sobre o possível resultado do diálogo e comentários que revelam uma confiança cuidadosa das partes.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammed Yavad Zarif, apresentou uma nova proposta para aliviar as inquietações que o desenvolvimento de seu programa nuclear suscita, com o qual chegou a níveis de enriquecimento de urânio muito próximos do necessário para a fabricação de uma bomba nuclear.
O Ocidente, encabeçado pelos EUA, teme que a verdadeiro finalidade das atividades nucleares iranianas seja militar e não energético ou médico, como afirma Teerã há anos.
A proposta iraniana foi bem recebida, confirmou o porta-voz da chefe da diplomacia da União Europeia, Michael Mann, o que foi corroborado pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Seyed Abbas Araqchi, em entrevista.
O porta-voz europeu também confirmou que "pela primeira vez" houve "discussões muito técnicas" sobre como garantir os fins pacíficos do programa nuclear do Irã, o que pode permitir o alívio das sanções econômicas americanas e da União Europeia.
A reunião da manhã foi liderada pelo ministro Zarif, pelo lado iraniano; e pela chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, pela contraparte (o grupo dos 5+1: EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha).
Na segunda parte do dia, as delegações se reuniram em nível de vice-ministros para analisar os aspectos técnicos da proposta do Irã e em que medida esta coincide ou diverge de uma abordagem anterior da UE.
Trata-se principalmente de medidas para determinar de maneira crível a quantidade e o nível de enriquecimento do urânio, oferecer uma maior capacidade de controle à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o fechamento de uma usina onde se sabe que é enriquecida a maior parte desta substância.
Por outro lado, a possibilidade de exportar o urânio enriquecido a 20% para submetê-lo a um procedimento de dissolução que rebaixe este nível foi rejeitada pelo Irã, que não negou que este procedimento possa ser realizado dentro do país.
A UE descreveu a atmosfera dos primeiros encontros entre os representantes iranianos e do resto de países como "positiva", "cordial" e bem diferente do clima que reinava nas reuniões com a equipe de negociação do governo iraniano anterior.
Um jantar entre Ashton e Zarif antecedeu a primeira rodada de reuniões de hoje e eles decidiram repetir o encontro, de caráter mais informal, esta noite.
Fontes iranianas asseguraram que Zarif, que sofre de forte dor de costas, ficará em Genebra até o fim da reunião.
O vice-ministro iraniano das Relações Exteriores para Assuntos Jurídicos e Internacionais, Seyed Abbas Araqchi, disse que o Irã acredita que haverá progressos importantes até o fim destas reuniões.
"Confiamos que, se há boa vontade de ambas partes... nós (os negociadores iranianos) temos boa vontade e se há a mesma boa fé do outro lado, o progresso está ao alcance de nossa mão", disse.
O porta-voz europeu comentou que "a bola está no telhado do Irã" e que agora é a vez de o país adotar as medidas necessárias para restabelecer a confiança com a comunidade internacional, que soube das atividades nucleares do Irã pela denúncia há dez anos de um grupo de exilados.
As reuniões, que tem a Suíça como país anfitrião e responsável pela logística, continuarão amanhã na sede da ONU em Genebra.