EIIL: sessão foi realizada em meio de divisões políticas e da ameaça do Estado Islâmico (Yaser Al-Khodor/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2014 às 09h27.
Bagdá - O novo parlamento iraquiano fracassou nesta terça-feira em escolher, em sua primeira reunião, o presidente e os vice-presidentes da Câmara por falta de quórum e consenso entre os deputados, e realizará sua próxima sessão em 8 de julho.
O parlamentar de maior idade, Mahdi al Hafez, que presidiu a sessão, anunciou que foi dado um prazo de uma semana para a segunda reunião, com o objetivo de dar maior oportunidade aos blocos políticos para chegar a um consenso sobre os candidatos.
Esta primeira sessão foi realizada em meio de fortes divisões políticas e da ameaça da insurgência sunita liderada pelo Estado Islâmico, que declarou no domingo um califado.
Os deputados foram escolhidos nas eleições parlamentares realizadas em abril, nas quais ganhou mas sem maioria a coalizão Estado de Direito, do primeiro-ministro, o xiita Nuri al-Maliki.
Vários deles pediram o atraso da reunião e se manifestaram contra a proposta de manter a sessão parlamentar aberta.
O dirigente da xiita Aliança Nacional Iraquiana, Ibrahim al Yaafari, próximo a Maliki, assegurou, nessa linha, que os blocos políticos necessitam de tempo para alcançar um consenso sobre as candidaturas.
Uma vez escolhidos o presidente e os vice-presidentes da Câmara, o parlamento deve nomear um chefe de Estado, que se encarrega de designar um primeiro-ministro para que forme governo.
As diferenças políticas fazem temer pela formação do governo, já que muitos advogam por um gabinete de união nacional, o que Maliki rejeita, já que quer manter o posto de primeiro- ministro.
No marco da atual crise, Hafez pediu no começo da reunião que fosse restabelecida a segurança e a estabilidade para conseguir "o desenvolvimento do Iraque".
Hafez também pediu a união dos diferentes grupos étnicos e religiosos longe do sectarismo e que se chegue a um acordo para enfrentar "o grande desafio" atual.
O Iraque está imerso em uma grave crise ocorrida pelo avanço de grupos insurgentes, que no último dia 10 tomaram o controle de Mossul, a segunda cidade do país, e desde ali progrediram por outras zonas do norte e o centro.
Além disso, o Estado Islâmico, liderado por Abu Bakr al-Baghdadi declarou anteontem um califado muçulmano desde a província síria de Aleppo até a iraquiano de Diyala.
O número de vítimas por causa da violência no Iraque aumentou dramaticamente em junho, alcançando os 2.417 mortos e 2.287 feridos, frente aos 800 falecidos registrados em maio, segundo os dados divulgados hoje pela ONU.