Mundo

Primeira-ministra britânica mantém calendário do Brexit

May confirmou à chanceler alemã e ao presidente da Comissão Europeia "que o calendário do governo para notificar o artigo 50 permanece sem mudanças"

May: a Alta Corte de Justiça de Londres decidiu que a Câmara dos Deputados (dos Comuns) deve decidir em uma votação sobre o Brexit (Yves Herman/Reuters)

May: a Alta Corte de Justiça de Londres decidiu que a Câmara dos Deputados (dos Comuns) deve decidir em uma votação sobre o Brexit (Yves Herman/Reuters)

A

AFP

Publicado em 4 de novembro de 2016 às 19h31.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou nesta sexta-feira que manterá seu calendário do Brexit "sem mudanças", apesar da decisão da Alta Corte de Justiça de Londres que concede ao Parlamento o direito de votar esta decisão, o que pode alterar o processo.

Durante conferências telefônicas, May, que deseja dar início à saída da União Europeia no final de março, confirmou à chanceler alemã Angela Merkel e ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, "que o calendário do governo para notificar o artigo 50 (desencadeando a saída da União Europeia) permanece sem mudanças", ressaltou seu gabinete em um comunicado.

A Alta Corte de Justiça de Londres desferiu na quinta-feira um golpe no governo conservador ao decidir que a Câmara dos Deputados (dos Comuns) deve decidir em uma votação sobre o processo de saída do país da União Europeia (UE).

Mas o governo reagiu imediatamente, anunciando que apelará desta decisão ante a Suprema Corte, que se pronunciará a respeito no início de dezembro, e May declarou aos responsáveis europeus que conta com "sólidos argumentos" para apresentar a respeito.

No entanto, se a decisão da Alta Corte for referendada pela Suprema Corte, provocará debates parlamentares que podem atrasar significativamente o Brexit, o que afetaria as negociações entre Londres e Bruxelas.

Os legisladores também poderão pedir que seja explicada a estratégia negociadora de May e que se tente manter laços fortes com o bloco antes de aceitar a invocação do artigo 50.

O deputado do partido Liberal-democrata Nick Clegg declarou à rádio BBC na sexta-feira à BBC que ele e outros legisladores pro-UE "buscarão [...] emendar a legislação para que o parlamento diga ao governo que deve seguir um Brexit flexível e não um Brexit radical".

Um "Brexit duro" significa a saída do Reino Unido do mercado único europeu com um controle total da imigração proveniente dos países da UE.

Como consequência desta batalha pelo Brexit, o deputado 'tory' Stephen Phillips, favorável a uma votação no Parlamento sobre o processo do Brexit, anunciou sua renúncia, julgando sua posição "irreconciliável" com a de Theresa May, que deseja iniciar o divórcio com a UE sem o voto dos deputados.

Em Berlim, o ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, que liderou a campanha a favor do Brexit, garantiu nessa sexta-feira que a decisão do tribunal não alterará o calendário do governo para o Brexit.

"Os britânicos votaram por deixar a União Europeia, e deixar os tratados da União Europeia, e vamos trabalhar nisso, é isso que vamos fazer", disse.

'Os inimigos do povo'

A Casa Branca se meteu no assunto, pedindo nessa sexta que britânicos e UE demonstrem "flexibilidade" em suas negociações, e que elas sejam levadas adiante de forma "pragmática, transparente e produtiva".

Os tabloides manifestaram-se contrários à resolução, insinuando que os magistrados traíram a vontade dos britânicos.

Com o título "Os inimigos do povo", o Daily Mail estampou fotos dos três magistrados da Corte, enquanto o Daily Telegraph também publicou fotos dos juízes, com o título "Os juízes contra o povo".

Por outro lado, o jornal The Guardian, pró-europeu, elogiou a decisão, que colocou o parlamento "no centro do debate do Brexit", mas advertiu aos partidários da permanência na UE que não fiquem otimistas.

A maior parte dos membros do parlamento estiveram a favor de seguir na UE, mas os analistas acreditam que não há um apoio suficiente como para alterar o resultado do referendo.

Acompanhe tudo sobre:BrexitReino Unido

Mais de Mundo

Trump nomeia Chris Wright, executivo de petróleo, como secretário do Departamento de Energia

Milei se reunirá com Xi Jinping durante cúpula do G20

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social

Venezuela liberta 10 detidos durante protestos pós-eleições