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Prigozhin morreu? O que se sabe e o que falta esclarecer sobre a queda do avião do líder do Wagner

Com inúmeras teorias da conspiração já circulando na internet, ainda há perguntas sem resposta sobre o que teria causado a queda da aeronave e se Prigojin realmente está morto

Prigojin: o jato usado no voo era um Embraer Legacy 600 (VLADIMIR NIKOLAYEV/AFP/Getty Images)

Prigojin: o jato usado no voo era um Embraer Legacy 600 (VLADIMIR NIKOLAYEV/AFP/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 24 de agosto de 2023 às 12h02.

Última atualização em 24 de agosto de 2023 às 16h03.

Após acidente aéreo, o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, foi dado como morto pelo governo da Rússia. Ele estaria em um avião que caiu na quarta-feira, 23, na região de Tver, ao norte de Moscou. A aeronave Embraer Legacy, de fabricação brasileira, fazia um voo particular de Moscou para São Petersburgo, com sete passageiros e três tripulantes.

Autoridades dos Serviços de Emergência russo afirmaram que as buscas pelos corpos foram concluídas e pessoas ligadas ao grupo paramilitar disseram, em um canal no Telegram, que o líder do Wagner foi morto "como resultado de ações de traidores da Rússia".

Com a falta de esclarecimento sobre as condições do acidente, ainda há questões em aberto sobre o que teria causado a queda da aeronave e se Prigozhin realmente morreu.

O que ainda falta esclarecer sobre o acidente com o líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin

Prigozhin está morto?

Prigozhin foi dado como morto pelo governo russo. As autoridades russas confirmaram que ele estava entre os passageiros do avião e que as dez pessoas a bordo morreram. Porém, ainda não existe informações se os restos mortais do líder do Wagner foram identificados. Até o momento, nenhuma autoridade internacional pôde verificar a informação do governo russo.

Caso o líder do grupo Wagner esteja vivo, essa não será a primeira vez que ele foi dado como morto. Em outubro de 2019, a mídia da Rússia informou que Prigozhin estava a bordo de uma aeronave militar An-72 que caiu com oito pessoas na República Democrática do Congo. Na época, a morte dele foi confirmada, mas dias depois informações revelaram que ele não estava no avião que caiu. 

O que aconteceu com o avião?

O jato usado no voo era um Embraer Legacy 600, que decolou às 17h59 na hora local, segundo o site de rastreamento FlightRadar24. Ele estava a 8,5 mil metros de altitude quando parou de enviar os dados. O sinal foi perdido em uma área rural onde não há pistas onde o jato pudesse pousar.

Ainda não foi explicado o que aconteceu com o jato particular que levava Prigozhin e as outras nove pessoas. Em um vídeo que supostamente seria da queda, postado no Telegram, um avião aparece em chamas. A pessoa que filmou a cena diz ter ouvido duas explosões, o que poderia sugerir que o avião foi derrubado por um míssil ou bomba a bordo.

Nas imagens das equipes de resgate russas, destroços fumegantes são observados em um bosque. O governo russo afirmou nesta quinta-feira, 24, que uma investigação sobre o acidente foi instalada.

O Gray Zone, vinculado ao Wagner, afirmou no Telegram que a aeronave foi, de fato, abatida pelos militares russos, mas sem fornecer evidências. A mídia estatal russa, por sua vez, alega que a aeronave pegou fogo ao atingir o solo, estando no ar há menos de meia hora.

O que Putin falou sobre o acidente de Prigozhin

O presidente Vladimir Putin ainda não se manifestou sobre o assunto. Ontem, ele estava na região de Kursk para uma cerimônia em homenagem ao 80º aniversário da Batalha de Kursk e às forças russas que atualmente lutam na Ucrânia.

Na quarta-feira, Putin também participou, de forma virtual, da cúpula dos Brics em Johannesburgo, na África do Sul. O líder russo disse que Rússia iniciou sua ofensiva na Ucrânia para encerrar uma guerra que, segundo ele, foi provocada pelo Ocidente.

O líder russo havia chamado Prigojin de "traidor" quando ele liderou, no fim de junho, uma rebelião dos mercenários contra o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, tomando quartéis no sul da Rússia e iniciando uma marcha rumo a Moscou. Mas o motim foi interrompido menos de 24 horas depois, após um acordo que previa a partida de Prigozhin para Belarus.

Depois da rebelião, o Wagner deixou de lutar na guerra na Ucrânia e seus membros puderam se asilar em Belarus. Prigozhin voltou a Moscou, mas seguia com situação indefinida em relação ao governo Putin.

Nesta segunda-feira, Prigozhin publicou no Telegram um vídeo em que ele aparecia na África. Foi o primeiro vídeo que divulgado por ele desde que ocorreram os desentendimentos com o Exército russo. Ele dizia que Wagner estava para realizar missões de busca e reconhecimento e a "tornar a Rússia ainda maior em todos os continentes e a África ainda mais livre".

O que outros líderes internacionais disseram sobre o caso?

Na Ucrânia, onde o grupo Wagner lutou na guerra, o presidente Volodimir Zelensky afirmou que o país não tem qualquer relação com o acidente. "Acredito que todos sabem quem está envolvido", afirmou Zelensky em uma acusação velada à possível responsabilidade do Kremlin.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que não estava surpreso com a suposta morte do líder do Wagner. "Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas não estou surpreso. Não há muita coisa que aconteça na Rússia que Putin não esteja por trás".

Quem é Yevgeny Prigojin, líder do grupo Wagner

Prigozhin nasceu em São Petersburgo em 1961 e foi preso por cometer pequenos delitos na adolescência e foi condenado por quase 10 anos. Quando saiu da prisão, ele e sua mãe começaram a vender cachorro quente e depois abriram um restaurante. Foi quando ele conheceu Vladimir Putin. Ele se tornou um oligarca rico após conseguir contratos lucrativos de refeições com o Kremlin, e ficou conhecido como o “chef de Putin”.

Ele fundou o grupo Wagner, em 2014, para ser um grupo paramilitar que lutaria em qualquer causa apoiada pela Rússia, em qualquer lugar do mundo. Com a guerra na Ucrânia, Putin utilizou os mercenários no conflito. Segundo estimativas, os paramilitares chegaram a ter mais de 20 mil soldados na guerra da Ucrânia.

O que é o grupo Wagner?

Fundado em 2014, o Wagner é um grupo paramilitar de mercenários composto por ex-soldados, prisioneiros e civis russos e estrangeiros. O líder da equipe de elite é o oligarca Yevgeny Prigozhin, com forte ligação ao Kremlin. As primeira missões do grupo ocorreram em Donbass, no leste da Ucrânia, e na península da Crimeia, quando os mercenários ajudaram as forças separatistas a tomar a região.

Durante anos, Prigozhin fez trabalho clandestino para o Kremlin, enviando mercenários de seu grupo privado para lutar em conflitos no Oriente Médio e na África, sempre negando qualquer envolvimento. Com a guerra da Ucrânia, Putin utilizou os mercenários no conflito. Segundo estimativas, os paramilitares têm mais de 20 mil soldados na guerra da Ucrânia.

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