A greve começou no último dia 6 de fevereiro em protesto pelas "duras condições disciplinares" nas quais vivem os presos nos pavilhões da base naval dos Estados Unidos em Guantánamo (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2013 às 21h52.
Washington - O advogado Carlos Warner, que representa 11 presos de Guantánamo, afirmou nesta quinta-feira em entrevista à Agência Efe que seus clientes sabem que "a única maneira de sair dali é morrendo", e, por isso, não pretendem pôr fim à greve de fome que iniciaram no mês passado.
Warner explicou que não sabe exatamente quantos de seus representados estão em greve de fome, porque o acesso a eles é muito limitado, mas disse "que a maioria deles" está seguindo a greve e está disposta a "aceitar a morte".
A greve começou no último dia 6 de fevereiro em protesto pelas "duras condições disciplinares" nas quais vivem os presos nos pavilhões da base naval dos Estados Unidos em Guantánamo; condições que, segundo Warner, continuam sendo muito duras apesar da postura dos presos.
"Pude ver um deles perto da morte. Perdeu 13 quilos em um mês e suas condições de saúde hoje são realmente ruins", disse Warner em referência a Fayez al-Kandari, um dos detidos que representa.
Warner viaja periodicamente a Guantánamo para ver em que situação se encontram os presos e se a greve continua, mas lamenta que não há ninguém na Administração de Barack Obama a quem levar suas queixas.
O enviado do Departamento de Estado para o fechamento da prisão, Daniel Fried, deixou seu posto no final de janeiro para ocupar outros trabalhos, mas ninguém o substituiu.
"Daniel Fried era um bom trabalhador. Mas agora não há ninguém a quem eu possa ligar e falar sobre este assunto na Casa Branca. Não falei com ele sobre isto, mas suponho que ele estava simplesmente frustrado, como estamos nós, porque fez muito bem seu trabalho e não obteve resultados", acrescentou Warner.
"Nomeiem uma pessoa que esteja a cargo de fechar Guantánamo na Administração", pediu. "Se alguém estivesse ali, esta greve não estaria ocorrendo, porque teríamos alguém com quem nos comunicar".
Para o advogado, o governo de Obama não tem como prioridade o fechamento da prisão. Apesar de o presidente ter prometido acabar com Guantánamo em sua campanha de 2008, "o que vem da Casa Branca são apenas palavras", disse o advogado.
"(Obama) culpa os republicanos no Congresso de obstaculizá-lo nisso, mas parecem estar de acordo. (...) Não foi um assunto durante as eleições (...) e também não foi citado pelo presidente no Discurso do Estado da União. Não é uma prioridade", argumentou o advogado.
Desde que começou no último mês de fevereiro, vários presos se somaram à greve e Warner assegura que, embora o número não seja preciso, a maioria dos que estão reclusos no Campo 6, onde estão 130 deles, aderiram ao protesto. O número de presos confirmado chega a 31.
A greve teria começado para protestar contra os registros nas celas, quando, segundo os presos, são confiscados objetos pessoais como cartas e fotografias, que são buscados inclusive nas cópias do Corão, o que é considerado uma "profanação religiosa" pelos detentos.
Warner ressaltou ainda que "todas as agências de inteligência do país e também o presidente" estão de acordo em libertar 86 dos 166 detidos que há na prisão, já que não há acusações contra eles, mas a decisão de colocá-los em liberdade está suspensa indefinidamente.
Apenas seis dos 16 presos de alto valor estão neste momento atravessando um processo legal para serem julgados, entre eles os supostos autores materiais e intelectuais dos atentados de 11 de setembro de 2001. EFE