O ator Kevin Spacey em foto de divulgação da série "House of Cards", do Netflix: ao contrário de presidentes fictícios, os presidentes da vida real, por vezes, tropeçam (Divulgação/Netflix)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2015 às 20h03.
Washington - Seja o bem-intencionado Josiah Bartlet, da série "The West Wing", ou o manipulador Frank Underwood, de "House of Cards", os norte-americanos preferem presidentes de televisão do que o autêntico mandatário dos Estados Unidos, Barack Obama.
Uma pesquisa da Reuters-Ipsos feita este mês mostrou que 54 por cento dos norte-americanos têm opinião desfavorável de Obama, conhecido por seu estilo presidencial distante e cauteloso, enquanto 46 por cento o veem de modo positivo.
Mas, quando lhes pediram para imaginar que David Palmer, da série "24", era o presidente, 89 por cento das pessoas que tinham visto esse drama da Fox focado no contraterrorismo disseram ter uma avaliação favorável do presidente desempenhado por Dennis Haysbert.
Jed Bartlet, de "The West Wing" - interpretado por Martin Sheen e amado pelos democratas, incluindo muitos que trabalham na Casa Branca de Obama - foi avaliado favoravelmente por 82 por cento de seus telespectadores na NBC.
No universo sombrio de "Battlestar Galactica", no SyFy, a presidente Laura Roslin, papel da atriz Mary McDonnell, recebeu 78 por cento de classificação favorável entre os fãs de sua busca para encontrar terra e escapar dos Cylons, uma raça de robôs humanoides assassinos.
Com os norte-americanos acentuadamente divididos por linhas partidárias, é improvável que qualquer outro presidente na vida real possa obter altíssimos índices de apoio, disse Tevi Troy, um historiador especializado na presidência dos EUA e autor do livro "What Jefferson Read, Ike Watched, and Obama Tweeted" (O que Jefferson leu, Ike viu, e Obama tuitou", um estudo da cultura popular na Casa Branca).
"Quase metade do país vai ficar predisposta contra você só porque essa é a maneira como se alinham, ou com os republicanos ou com os democratas", disse Troy.
Ao contrário de presidentes fictícios, com seus olhares voltados para a câmera e um timing perfeito, os presidentes da vida real, por vezes, tropeçam.
O republicano Ronald Reagan, que era ator antes de entrar na política e, depois, se tornou presidente, foi uma exceção, disse Troy.
"Seus assessores de mídia diriam o quanto era grandioso que ele sempre alcançasse suas metas", disse Troy, que foi um alto conselheiro em política doméstica na administração do republicano George W. Bush.
Presidentes fictícios moralmente questionáveis também superaram os índices de apoio de Obama na pesquisa Reuters-Ipsos.
Entre os que assistiram a "Scandal", da ABC, 60 por cento tinham uma visão favorável de Fitzgerald "Fitz" Grant, o mulherengo e bebedor de uísque interpretado por Tony Goldwyn.
Frank Underwood também venceu Obama.
Em "House of Cards", Underwood, interpretado por Kevin Spacey, mata um congressista desmaiado, deixando-o em um carro com o motor ligado em uma garagem, e empurra um jornalista para os trilhos de um trem do metrô.
Imaginando o personagem intrigante de Spacey como presidente, 57 por cento dos entrevistados que viram o thriller político da Netflix disseram ter opinião favorável dele.
Até mesmo Obama gosta de Underwood. "Esse cara fez um monte de coisas", brincou Obama durante uma foto com Reed Hastings, presidente-executivo da Netflix, em dezembro de 2013.
"Eu gostaria que as coisas fossem assim implacavelmente eficientes", disse Obama.