O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich: chefe de Estado, que há dois meses enfrenta um movimento de contestação, sofre de doença respiratória aguda (Stan Honda/AFP)
Da Redação
Publicado em 30 de janeiro de 2014 às 11h52.
Kiev - O presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, está de licença médica, em plena crise política no país, onde a oposição se nega a deixar as ruas, apesar das concessões do governo.
O chefe de Estado, que há dois meses enfrenta um movimento de contestação sem precedentes, sofre de uma "doença respiratória aguda" e está de "licença médica".
Ainda assim, em um comunicado Yanukovich reconheceu ter cometido "erros", mas acusou a oposição de "continuar a inflamar a situação" em razão "das ambições políticas de alguns" de seus líderes.
Se dirigindo a seus concidadãos, ele ressaltou "que tem levado em conta os erros cometidos pelas autoridades", na mensagem difundida no site da presidência.
Na quarta-feira, Yanukovich foi ao Parlamento, que discutia uma lei de anistia aos manifestantes detidos durante os protestos, uma das principais reivindicações da oposição.
A maioria partidária do poder votou a favor do texto, que permitirá a libertação de dezenas de pessoas presas durante os violentos confrontos de janeiro à margem das manifestações, mas que estabelece como condição prévia que os opositores se retirem dos prédios que ocupam em Kiev há semanas.
A oposição rejeitou a lei, enquanto as ruas da capital seguem cheias de barricadas e a tensão persiste em algumas regiões.
"Parece-me que este homem quer nos cansar e ganhar tempo. Mas nós não permitiremos", declarou um dos líderes da oposição, o ex-campeão de boxe Vitali Klitschko, ao jornal alemão Bild desta quinta-feira.
O opositor também manifestou seu desejo de que a União Europeia (UE) declare persona non grata Yanukovich, enquanto este não assinar a revogação das leis repressivas.
"A oposição parlamentar não irá trair Maidan", o nome ucraniano da Praça da Independência, coração dos protestos em pleno centro de Kiev e símbolo do movimento, afirmou por sua vez na quarta-feira à noite o líder do partido nacionalista Svoboda, Oleg Tiagnybok, a centenas de manifestantes reunidos sob uma temperatura de -20ºC.
A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, em viagem a Kiev na quarta-feira, declarou que "a violência e as intimidações, de onde quer que venham, devem cessar".
Inicialmente, os europeus apoiaram explicitamente a mobilização popular na Ucrânia, nascido em resposta à decisão de Yanukovich de não assinar um acordo de associação com a UE e de privilegiar uma aproximação com Rússia, que concedeu um crédito de 15 bilhões de dólares a Kiev e uma redução do preço do gás.
Mas após os violentos confrontos entre os manifestantes e as forças de ordem na capital as autoridades europeias exortaram o diálogo, apesar de ainda condenarem a adoção das leis repressivas que levaram aos episódios de violência.
Berlim indicou que a chanceler Angela Merkel telefonou a Vladimir Putin, pedindo que o presidente russo colabore com um diálogo construtivo.
Já a Rússia, que apoia o governo ucraniano desde o início da crise, se mostrou prudente quanto às mudanças que têm acontecido no país.
Putin alertou para "qualquer ingerência" nos assuntos internos da Ucrânia, mas também deixou claro que vai "aguardar a formação do novo governo ucraniano" para se assegurar de que há como levar adiante os acordos concluídos em dezembro sobre uma ajuda de 15 bilhões de dólares.
Por sua vez, o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, exortou nesta quinta-feira Yanukovytch a cumprir as promessas feitas à oposição.
"Faço um apelo ao presidente ucraniano: apesar dos progressos nas discussões com a oposição, as promessas feitas para a oposição devem ser levadas a sério", disse Steinmeier, durante uma coletiva de imprensa com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki -moon, em Berlim.