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Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2014 às 10h05.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, vai enfrentar dois candidatos na eleição presidencial de 3 de junho, anunciou neste domingo em Damasco o porta-voz do tribunal constitucional.
"O Alto Tribunal Constitucional anuncia ter validado as candidaturas de Maher al-Hajjar, de Hassan Abdellah al-Nouri e de Bashar Hafez al-Assad, segundo a ordem das datas das apresentações das candidaturas", declarou Majed al-Khadra.
"As outras candidaturas foram recusadas porque não respeitam os critérios constitucionais e legais. Aqueles que tiveram seu pedido recusado podem apresentar um recurso ao tribunal a partir de segunda-feira e durante três dias", acrescentou.
Vinte e quatro pessoas tinham apresentado suas candidaturas. Apesar da aparente disputa, a reeleição de Assad é certa.
Com o país devastado por um conflito que já dura três anos, a eleição vai ser realizada apenas nos territórios controlados pelo regime e já foi chamada de farsa pela oposição e pelos países ocidentais.
Esta será, teoricamente, a primeira eleição presidencial em mais de meio século. Assad e seu pai Hafez, que governou a Síria com mão de ferro de 1970 a 2000, foram eleitos em referendos.
Originário de Aleppo, principal cidade do norte - hoje dividida entre rebeldes e as forças do regime -, Maher al-Hajjar, nascido em 22 de abril de 1968, é um deputado independente que por muito tempo foi integrante do Partido Comunista.
Hassan al-Nouri é um empresário de Damasco que foi membro de uma formação opositora do interior, tolerada pelo poder. Ele é formado em Administração pela Universidade do Wisconsin, nos Estados Unidos, e é doutor pela Universidade John F. Kennedy, da Califórnia.
A ONU criticou a decisão de Damasco de realizar esta eleição. De acordo com o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, "uma eleição como esta é incompatível com a Carta de Genebra" sobre uma transição democrática na Síria.
O processo eleitoral foi anunciado em um momento favorável ao governo na guerra contra os rebeldes.
O regime e os insurgentes chegaram a um acordo para a retirada dos oposicionistas armados do centro em ruínas da cidade de Homs, assediada há dois anos pelas forças do regime, afirmou à AFP neste domingo um negociador rebelde.
"Um acordo foi concluído entre os representantes dos rebeldes e os chefes dos serviços de segurança, na presença do embaixador do Irã, para a retirada dos insurgentes da Cidade Velha", afirmou Abul Hareth, via internet.
"A discussão acontece agora em torno de sua aplicação", indicou.
Mais de 150.000 pessoas morreram desde o início da guerra na Síria, em março de 2011, segundo uma ONG opositora com sede no Reino Unido. Mais de 9 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas como medo da violência, sendo que 2,6 milhões fugiram do país, segundo a ONU.