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Presidente sírio reconheceu que errou ao lidar com protestos

Diplomatas de Brasil, Índia e África do Sul negociam com o regime de Bashar Al Assad uma solução para a violência no país

Cartaz contra o ditador da Síria,  Bashar al-Assad (Adem Altan/AFP)

Cartaz contra o ditador da Síria, Bashar al-Assad (Adem Altan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2011 às 14h41.

Brasília – O presidente da Síria, Bashar Al Assad, reconheceu hoje (10) aos representantes do Brasil, da Índia e da África do Sul – que compõem o bloco denominado Ibas - que houve erros na condução das manifestações que ocorrem há oito meses, gerando violência, mortes e feridos no país. Segundo ele, o esforço das autoridades é para tentar manter o controle da crise que inicialmente era política e agora é econômica e social.

“[O presidente Assad] reconheceu que alguns erros foram feitos pelas forças de segurança na fase inicial dos distúrbios e que os esforços serão realizados para impedir a recorrência [dos erros]”, diz a nota conjunta divulgada pelos países.

Segundo o comunicado, Assad prometeu ainda que vai implementar as reformas políticas, econômicas e sociais, incluindo a revisão da Constituição, até o final do ano no país. Mas ele negou que o governo seja responsável pelos atos de violência envolvendo os protestos na região.

“O presidente [Bashar Al Assad] assegurou à delegação seu compromisso com o processo de reforma, visando a inaugurar uma democracia multipartidária, inclusive por meio de revisão da Constituição”, acrescenta o documento.

Durante a reunião, os representantes do Ibas informaram que a comunidade internacional está preocupada com o agravamento da crise na Síria e cobraram rapidez na solução do impasse. “[Os representantes do Brasil, da Índia e da África do Sul] expressaram profunda preocupação com a atual situação na Síria e condenaram a violência de todos os lados”, diz o texto.

Ainda na nota, os integrantes do Ibas apelaram para que Assad respeite os direitos fundamentais e autorize a criação de uma comissão judicial independente para averiguar a situação na Síria. “[Os integrantes do Ibas] pediram o fim imediato de toda violência e exortaram as partes a agir com maior contenção e respeito aos direitos humanos e ao direito internacional”, informa o documento.

No comunicado, o chanceler sírio, Walid Al Moualem, atribuiu à oposição a violência ocorrida em Damasco e nas principais cidades do país. De acordo com o diplomata, a oposição é formada por três grupos distintos.

“Existem três categorias de oposição na Síria: a formada por pessoas economicamente desfavorecidas, a de intelectuais e acadêmicos, e a dos grupos armados”, diz a nota. O comunicado foi divulgado depois da reunião de Assad com os representantes do Ibas, que ocorreu nesta manhã, na capital síria.

Participaram da reunião com Assad, em Damasco, o subsecretário-geral para a África e o Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Paulo Cordeiro, o vice-ministro de Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Ebrahim Ebrahim, e secretário de Organizações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Dilip Sinha, além de Moualem.

Segundo a nota, as reformas que serão implementadas seguirão resultados de “consulta da sociedade da Síria e do diálogo nacional”. De acordo com o texto, o objetivo é concluir o processo de revisão da Constituição até março de 2012.

No documento, os representantes do Ibas informaram ainda que apoiam as reivindicações populares, que apelam por mudanças políticas, como a garantia de atuação de vários partidos, a liberdade de expressão e de imprensa, assim como o fim da violação aos direitos humanos.

“É essencial o governo sírio não perder o desejo de dar continuidade ao processo de diálogo nacional e às reformas políticas com o objetivo de lidar eficazmente com as legítimas aspirações e preocupações da população”, diz o texto.

Estima-se que, de março até agosto, mais de 2 mil pessoas tenha morrido durante os embates entre manifestantes e forças policiais. Os dados são de organizações não governamentais.

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