Para Assad, a prioridade agora é recuperar a segurança, o que 'não vai conseguir a não ser que bata nos terroristas assassinos com punho de ferro' (Carlos Alvarez/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2012 às 11h28.
Damasco - Após quase dez meses de crise na Síria, o presidente Bashar al Assad disse nesta terça-feira que não vai renunciar e advertiu que baterá nos 'terroristas' com punho de ferro, em discurso na Universidade de Damasco.
'Digo (aos meios de comunicação) que não sou eu quem renuncia a suas responsabilidades', disse o líder, para quem alguns meios trabalham contra o país e dizem que ele não assume suas obrigações.
Para o chefe de Estado sírio, a prioridade mais importante agora é recuperar a segurança, o que 'não vai conseguir a não ser que bata nos terroristas assassinos com punho de ferro'.
'Não haverá flexibilidade com quem aterroriza cidadãos, a luta contra o terrorismo é a luta de todos. Não vão conseguir destruir nossa identidade nem desestabilizar nosso convencimento de que a resistência está no coração de nossa identidade', afirmou.
O presidente defendeu que 'não houve nenhuma ordem de nenhuma instituição do Estado para disparar contra os cidadãos' e se foi aberto fogo contra alguém isso ocorreu 'em casos muito limitados segundo a lei'.
Al Assad convidou a realização de um diálogo entre o Estado e 'as distintas partes do país' sobre a forma de conseguir a segurança no território sírio.
No plano político, o presidente anunciou a realização de um referendo sobre a nova Constituição, que está sendo preparada por um comitê de especialistas, na primeira semana de março e adiantou que poderiam acontecer eleições legislativas em maio ou junho.
Segundo os próprios integrantes da comissão constitucional, a futura Carta Magna colocará fim no monopólio do governante partido Baath, de al Assad, e abrirá a porta ao multipartidarismo.
Sobre o futuro Governo, o líder rejeitou falar de um Executivo de união nacional, mas assinalou que quer um Gabinete que integre todas as tendências, incluindo os opositores, para que represente toda a nação.
Nesse sentido, al Assad se mostrou disposto a começar um diálogo amanhã mesmo, mas lamentou que uma parte da oposição não está preparada para isso.
Segundo o presidente, o que acontece na Síria é fruto de 'uma conspiração exterior' que não conseguirá tirar seu empenho de liderar o país para o caminho da estabilidade e a vitória total.
'A conspiração exterior que está sendo desenhada em uma sala escura não será escondida por mais tempo, e agora se tornou clara como o cristal e visível para todo o mundo', destacou em seu quarto discurso desde março do ano passado.
Na sua opinião, esse complô está relacionado com as reformas realizadas no país. 'A maioria do povo sírio quer as reformas e é esta maioria que não saiu às ruas e não cometeu distúrbios', afirma.
'O nevoeiro se dispersou e todas as máscaras caíram, não é possível que as partes regionais e internacionais continuem deformando os fatos', sentenciou.
Sobre isso, ele acusou alguns países-membros da Liga Árabe, cujo nome não especificou, de buscar um papel na organização, 'embora seja em troca de acender toda a região', e se queixou da 'amabilidade' da Liga Árabe com Israel e do 'radicalismo' com a Síria.
Assad também criticou o trabalho dos meios de comunicação, que acusou de 'trabalhar contra a Síria' para conduzí-la a um estado de destruição.
Ao longo de seu discurso, que durou quase duas horas, o presidente sírio fez menção à economia do país que considera estar sofrendo um ataque depois do fracasso da agressão à parte política.
'Tentaram demonstrar que a Síria está vencida', disse al Assad, que expressou a importância de centrar os esforços na produção e nos projetos médios e pequenos para criar justiça social.
Em novembro, a Liga Árabe suspendeu a participação da Síria em suas reuniões e impôs sanções econômicas sem precedentes.
Atualmente, o organismo prepara-se para aumentar no final desta semana até 200 o número de observadores no território sírio para comprovar o cumprimento de seu plano para acabar com a crise no país.