Ollanta Humala: em sua primeira declaração a respeito, Cabrejos, figura respeitada dentro da Igreja católica, confirmou ter aceitado o pedido de mediação (Eitan Abramovich/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2012 às 16h41.
Lima - O presidente peruano Ollanta Humala propôs nesta sexta-feira um bispo da Igreja católica para mediar um conflito originado pelos protestos contra um projeto da empresa mineradora americana Newmont na cidade de Cajamarca, que esta semana deixou cinco mortos.
"Estamos propondo o monsenhor Miguel Cabrejos, para que possa se abrir um espaço de diálogo em Cajamarca a fim de pôr fim ao conflito", afirmou o presidente.
Em sua primeira declaração a respeito, Cabrejos, figura respeitada dentro da Igreja católica, confirmou ter aceitado o pedido de mediação, mas enfatizou que atuará para acalmar os ânimos e proporcionar um diálogo racional.
Cinco pessoas morreram entre terça e quarta-feira em Cajamarca, região em que o governo declarou estado de emergência numa tentativa de frear os protestos contra o projeto de mineração Conga, no qual a Newmont planeja investir 4,8 bilhões de dólares.
Os confrontos ocorreram no contexto de uma greve por tempo indeterminado que já leva 33 dias em Cajamarca contra o projeto da mineradora americana.
Os conflitos fizeram o governo peruano decretar na noite desta terça-feira estado de emergência e a militarização de três províncias na região de Cajamarca, informou o ministro da Justiça, Juan Jiménez.
A medida restringe o direito de reunião, a inviolabilidade da residência e a livre circulação de pessoas, entre outras coisas, lembrou o ministro da Justiça.
O estado de emergência, uma medida prevista pela lei peruana, autoriza ainda as forças armadas a apoiar a polícia na vigilância e controle da ordem pública.
Cerca de mil manifestantes protestaram pelas ruas dessa cidade e tentaram tomar a sede da prefeitura, mas foram contidos por oficiais antimotins que lançaram bombas de gás lacrimogêneo e utilizaram cassetetes para dispersá-los, informaram redes de rádio.
O Ministério do Interior condenou as ações dos grevistas e disse que estes "ultrapassaram o protesto social para realizar atos delinquentes".