Membros e apoiadores da Irmandade Mulçumana, partido do presidente egípcio deposto, Mohamed Mursi, seguram máscara com de Mursi na praça Rabaa Adawiya, no Cairo (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de julho de 2013 às 18h26.
Cairo - O presidente interino do Egito, Adli Mansour, prometeu nesta quinta-feira combater os que levam o país para o caos, horas antes de grandes manifestações programadas pela Irmandade Muçulmana para exigir a reinstauração do mandato do presidente deposto Mohamed Mursi, na sexta-feira.
"Estamos passando por um estágio crítico, e alguns querem que nos movamos para o caos, e queremos nos mover para a estabilidade. Alguns querem um caminho sangrento. Vamos lutar até o fim da batalha pela segurança", disse ele pela TV, em seu primeiro pronunciamento público desde que foi empossado por militares, em 4 de julho.
A Irmandade Muçulmana quer levar milhões às ruas na sexta-feira para mostrar que não está disposta a aceitar o governo empossado pelos militares no lugar de Mursi, primeiro presidente eleito livremente na história do Egito.
"A todo egípcio e egípcia livre: saia à rua contra o sangrento golpe militar", diz uma convocação por escrito dos organizadores.
No entanto, um funcionário da Irmandade disse à Reuters nesta quinta-feira que o movimento propôs um marco de negociações sob mediação da União Europeia.
Gehad al-Haddad, que já representou o movimento em negociações anteriores com outros grupos políticos sob mediação da União Europeia, afirmou que a Irmandade não irá recuar da sua exigência de que Mursi volte ao cargo, mas que ela "nunca fecha a porta ao diálogo".
Segundo Haddad, a proposta de negociação foi entregue a um enviado da UE, Bernardino León, que no entanto declarou que os dois lados continuam muito distantes.
É difícil imaginar que Mursi possa voltar ao poder. Os militares negam que tenham orquestrado um golpe e dizem ter agido sob o clamor popular e para impedir o caos.
O Egito, mais populoso país árabe, é um vital aliado dos Estados Unidos numa posição estratégica, entre o norte da África e o Oriente Médio, e Washington adotou uma posição cautelosa ao não qualificar a intervenção militar como golpe, o que poderia acarretar o corte na ajuda militar anual de 1,3 bilhão de dólares.