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Presidente do Peru receberá CPI que investiga a Lava Jato no país

Anúncio foi feito horas depois que a CPI informou que a construtora brasileira pagou mais de US$ 782 mil a sua empresa de consultoria

Kuczynski: "tomei nota do sentimento popular majoritário, que considera conveniente que eu me reúna com os integrantes de tal comissão" (Charles Platiau/Reuters)

Kuczynski: "tomei nota do sentimento popular majoritário, que considera conveniente que eu me reúna com os integrantes de tal comissão" (Charles Platiau/Reuters)

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EFE

Publicado em 14 de dezembro de 2017 às 06h40.

Lima - O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, anunciou nesta quarta-feira que decidiu receber os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o escândalo de corrupção envolvendo a Odebrecht em seu país.

"Tomei nota do sentimento popular majoritário, que considera conveniente que eu me reúna com os integrantes de tal comissão", afirmou Kuczynski à emissora "RPP Noticias", horas depois que a CPI informou que a construtora brasileira pagou mais de US$ 782 mil a sua empresa de consultoria.

Kuczynski ressaltou que voltou atrás em sua decisão de não receber essa comissão, uma prerrogativa de seu cargo, para responder por essas acusações e "em respeito à honra" que lhe foi concedida pelos peruanos quando o elegeram presidente.

A congressista fujimorista Rosa Bartra, presidente da CPI que investiga a propina paga pela empresa brasileira a funcionários peruanos, apresentou hoje a relação dos serviços de consultoria enviada pela Odebrecht a seu grupo de trabalho.

Segundo um documento da companhia remitido à CPI, a Odebrecht pagou mais de US$ 782 mil à empresa de consultoria Westfield Capital, que pertence ao atual presidente, por serviços realizados entre 2004 e 2007.

Supostamente, os pagamentos pelas consultorias da Westfield Capital aconteceram entre novembro de 2004 e dezembro de 2007, e coincidem com o período em que Kuczynski ocupou os cargos de ministro da Economia e, posteriormente, de primeiro-ministro, durante o governo do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006).

Os serviços de consultoria foram realizados para a transposição transandina de Olmos, que consiste em um duto de 19 quilômetros sob os Andes que leva água para a irrigação de cerca de 40 mil hectares de plantações no deserto, e para a estrada interoceânica do norte, que atravessa o território peruano desde o Oceano Pacífico até à Amazônia.

Kuczynski negou que sua empresa tivesse feito qualquer tipo de consultoria para a Odebrecht até que, no último sábado, reconheceu ter prestado consultoria através da First Capital para a empresa do grupo Odebrecht H2Olmos, concessionária do projeto de irrigação de transposição de Olmos.

A First Capital, constituída pelo empresário chileno Gerardo Sepúlveda, realizou consultorias para a Odebrecht entre 2005 e 2013 que foram estimadas em mais de US$ 4 milhões.

O presidente peruano ressaltou hoje que a última informação difundida pela CPI que investiga a Lava Jato no país o levou a repensar a decisão de não receber seus integrantes porque, as informações levam a crer "que os montantes mostrados foram pagamentos de honorários" para ele.

"Diante disso, e em respeito à honra que os peruanos me concederam de poder representá-los como presidente, acredito que é necessário informar ao povo peruano que decidi me reunir com os integrantes de tal comissão", reiterou Kuczynski.

Kuczynski também enfatizou que trabalhou durante 57 anos e que seus ganhos econômicos "como profissional estão devidamente registrados, tributados e bancarizados".

O caso Odebrecht no Peru se concentra em seguir o rastro das propinas pagas entre 2005 e 2014 para funcionários peruanos em troca de favorecimento na concessão de contratos de obras públicas e também nas doações realizadas a candidatos políticos para financiar suas respectivas campanhas eleitorais.

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