Ali Abdullah Saleh, presidente do Iêmen, dissolve governo (Helene C. Stikkel/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2011 às 18h22.
Saana - O presidente do Iêmen, Ali Abdallah Saleh, alvo há dois meses de protestos populares, destituiu neste domingo o governo, dois dias após o massacre de 52 manifestantes, informou a agência de notícias estatal Saba.
"O presidente da República dissolveu o governo e ficará encarregado dos assuntos internos até a formação de um novo executivo".
A decisão foi tomada no momento em que manifestantes exigiam a saída de Saleh, após a morte de 52 pessoas em um ataque realizado por homens armados na sexta-feira passada, em Sanaa, atribuído a partidários do regime.
Uma multidão participou hoje, na região da Universidade de Sanaa, do funeral de alguns dos 52 manifestantes mortos a tiros na sexta-feira, constatou a AFP no local.
Milhares de pessoas ocuparam a praça em frente à Universidade de Sanaa e as avenidas adjacentes, na maior manifestação desde o início dos protestos, em janeiro passado, para exigir a saída de Ali Abdullah Saleh.
A praça da Universidade é o epicentro dos protestos e na sexta-feira foi cenário da sangrenta repressão que deixou 52 mortos e 126 feridos, quando homens armados - partidários do regime, segundo os manifestantes - dispararam contra a multidão depois da oração semanal.
O presidente Saleh lamentou a morte dos manifestantes e afirmou que não morreram por disparos de agentes das forças de segurança.
A decisão de dissolver o governo ocorre após a renúncia da ministra iemenita dos Direitos Humanos, Huda al Baan, que abandonou o cargo em protesto pela repressão às manifestações e ao massacre de sexta-feira.
A ministra também saiu do partido do Congresso Popular Geral, de Ali Abdullah Saleh, para protestar contra "o massacre cruel" de manifestantes na praça da Universidade.
O subsecretário do ministério dos Direitos Humanos, Ali Taysir, tomou a mesma decisão.
O embaixador do Iêmen nas Nações Unidas, Abdullah al Saidi, também apresentou sua renúncia para protestar contra o massacre de sexta-feira.
O diplomata pediu demissão "em sinal de protesto contra o uso da força contra manifestantes em Sanaa", informou uma fonte da chancelaria.
Outra diplomata, Jamila Raja, apontada como a próxima embaixadora no Marrocos, indicou à AFP que também tinha apresentado sua demissão para protestar contra a repressão.
Vários ministros, responsáveis e deputados também renunciaram nos últimos dias em protesto pelo uso excessivo da força contra as manifestações que exigem a saída do presidente, no poder há 32 anos.