Gabriel Boric decretou “estado de emergência por catástrofe para ter todos os recursos necessários” (Pablo Vera/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 3 de fevereiro de 2024 às 08h54.
Pelo menos dez pessoas morreram em decorrência dos incêndios que atingiram a região de Valparaíso, entre outras no centro e sul do Chile, segundo um relatório oficial provisório. Por conta disso, o presidente do país, Gabriel Boric, decretou “estado de emergência por catástrofe para ter todos os recursos necessários” para combater os incêndios.
“Há informações preliminares de pessoas mortas, cerca de dez”, informou a delegada presidencial na região de Valparaíso, Sofía González Cortés.
Na sexta, 2, dezenas de incêndios florestais causaram preocupação e a evacuação de habitantes das regiões mais atingidas, especialmente Valparaíso, onde as chamas provocaram uma imensa nuvem de fumaça e ameaçam centenas de casas em zonas turísticas como Viña del Mar.
Bombeiros e pessoal dos serviços de emergência combatem 10 focos que afetaram, além de Valparaíso, as regiões de O'Higgins — também no centro do país — e Maule, Biobío, La Araucanía e Los Lagos — no sul —, indicou as autoridades.
“Nunca vi nada parecido, isso é muito angustiante porque evacuamos a casa, mas não podemos seguir em frente, todos (as pessoas) estão tentando sair e é impossível sair”, disse Yvonne Guzmán, de 63 anos, aposentada que deixou sua casa em Quilpué, comuna localizada a cerca de 90 km a noroeste de Santiago.
Quatro horas depois de evacuar sua casa sob “uma nuvem de cinzas”, ela mal conseguiu avançar em uma estrada destruída entre pessoas que tentavam escapar das chamas. Boric escreveu em sua conta na rede social X (antigo Twitter) que todas as “forças estão mobilizadas para combater os incêndios florestais nas zonas centro e sul do país”.
Somente em Valparaíso, o incêndio consumiu mais de 7.000 hectares em um incêndio de “comportamento extremo”, segundo a Corporação Nacional Florestal (Conaf). Em La Estrella e Navidad, cerca de 200 km a sudoeste de Santiago, outros focos descontrolados queimaram 27 casas, informaram as autoridades, forçando a evacuação de várias áreas povoadas perto da estância de surf de Pichilemu.
As montanhas e colinas também ardem no final da Rota 68, de onde milhares de turistas partiram nesta sexta-feira em direção às praias do Pacífico, segundo imagens virais nas redes sociais captadas por pessoas que ficaram retidas nas estradas alternativas completamente destruídas.
Depois de mais de quatro horas presa no trânsito em uma estrada alternativa à autoestrada que atravessa vinhas e campos agrícolas até à costa do Pacífico, Yvonne Guzmán soube através de mensagens de vizinhos que a sua casa pegou fogo.
“Estamos presos sem poder nos mover”, disse ela do veículo com o marido e a sogra nonagenária. “Fomos alertados pelo celular e então começou a cair uma chuva de cinzas ardentes”, disse a mulher por telefone de seu veículo.
Desde quarta-feira, as temperaturas chegaram a 40ºC na região central do Chile, onde fica Santiago, o que aumentou o risco de incêndios. Na tarde de sexta-feira, o Ministério dos Transportes decidiu cortar totalmente o trânsito devido à “redução da visibilidade devido à fumaça” na Rota 68, que vai de Santiago a Valparaíso e leva ao vale vinícola de Casablanca e ao balneário de Viña del Mar.
“Esses eventos são cada vez mais recorrentes, por isso vemos que todos os anos há recordes históricos de temperatura”, disse Pablo Lobos Stephani, gerente de proteção contra incêndio da Conaf, à CNN Chile.
Uma onda de calor com temperaturas máximas assola atualmente o Cone Sul-Americano, onde o fenômeno climático natural do El Niño é agravado pelo aquecimento global causado pela atividade humana, segundo especialistas. Em pleno verão austral, alertas de calor sufocante persistente estão em vigor a partir desta semana e da próxima em áreas de Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil, bem como no Chile.