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Yanukovich pede à Rússia que mantenha pulso firme na Ucrânia

Presidente deposto pediu a Vladimir Putin para assumir uma linha mais dura com os novos governantes do país


	Viktor Yanukovich, presidente deposto da Ucrânia: "eu acho que a Rússia deveria agir, e é obrigada a agir", disse
 (Maxim Shemetov/Reuters)

Viktor Yanukovich, presidente deposto da Ucrânia: "eu acho que a Rússia deveria agir, e é obrigada a agir", disse (Maxim Shemetov/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de fevereiro de 2014 às 17h18.

Rostov-On-Don - Viktor Yanukovich pediu ao presidente russo, Vladimir Putin, para assumir uma linha mais dura com os novos governantes da Ucrânia que o depuseram, dizendo nesta sexta-feira que a Rússia não pode ficar indiferente ao que aconteceu na ex-república soviética.

Em aparição no sul da Rússia, onde se refugiou desde que fugiu da Ucrânia em 21 de fevereiro, Yanukovich disse: "Eu acho que a Rússia deveria agir, e é obrigada a agir." "Conhecendo a personalidade de Vladimir Putin, estou surpreso que ele ainda não tenha dito nada. A Rússia não pode ficar indiferente, não pode ser um espectador assistindo o destino de um parceiro tão próximo como a Ucrânia", disse Yanukovich, de 63 anos.

"A Rússia deve usar todos os meios à sua disposição para acabar com o caos e o terror que atingem a Ucrânia", disse ele, incentivando claramente o líder do Kremlin a assumir uma posição firme com a nova liderança ucraniana pró-Europa.

Yanukovich falou na cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia, a cerca de 200 quilômetros da fronteira com a Ucrânia, enquanto os novos governantes ucranianos protestam contra a ocupação de aeroportos e outros pontos estratégicos na península da Crimeia por grupos armados pró-Rússia.

Yanukovich, derrubado por um levante popular contra seu governo depois que ele decidiu não assinar um acordo comercial com a União Europeia, disse que não irá desistir da luta pelo futuro do país.

Na entrevista coletiva, ele protestou contra "nacionalistas, criminosos pró-fascistas" que o forçaram a deixar o cargo, e culpou os governos ocidentais de "ceder" aos manifestantes que buscavam sua derrubada.


Yanukovich disse que a anarquia e o caos se instalaram depois que ele assinou um acordo com os seus adversários na última sexta-feira, que foi intermediado pela União Europeia e tinha o objetivo de acabar com três meses de crise.

O acordo teria permitido a ele ficar no poder até as eleições antecipadas em dezembro. Mas os manifestantes, irritados com cerca de 100 mortes em confrontos com a polícia, rejeitaram o acordo na Praça da Independência, em Kiev, e ele fugiu.

Yanukovich, vestido com terno e gravata, manteve o discurso de que foi vítima de um golpe de Estado e negou que tenha ordenado a polícia a disparar contra os manifestantes antes de ser forçado a deixar o poder.

Ele deu a entender que a responsabilidade pelo derramamento de sangue em Kiev era dos manifestantes, elogiando a polícia antimotim Berkut por sua "coragem" ao resistir a ataques de bombas de gasolina por manifestantes. A força policial foi dissolvida pelo novo governo.

"Quero pedir perdão para todos aqueles que estão sofrendo e todos aqueles que sofreram... se eu estava na Ucrânia, eu me curvaria diante de todos", disse ele.

Temor Pela Vida

Dizendo que ele ainda era o presidente legalmente eleito, Yanukovich disse que tinha fugido da Ucrânia só porque temia por sua vida e a de sua família. Ele estava pronto para voltar à Ucrânia, mas só quando a sua segurança estiver garantida, disse ele.

Yanukovich pediu aos ucranianos para rejeitar a nova liderança que nomeou um novo primeiro-ministro e um gabinete na quinta-feira e que definiu a data de 25 de maio para uma eleição presidencial.

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