Mohammed Nasheed, várias vezes detido quando estava na oposição, chegou ao poder em 2008 para um mandato de cinco anos (Presidential Office/AFP)
Da Redação
Publicado em 9 de fevereiro de 2012 às 12h58.
Nova Délhi - Um tribunal das Maldivas determinou nesta quinta-feira a detenção do recém-deposto presidente Mohamed Nasheed, enquanto aumentam no país os protestos pela rebelião policial que depôs o Executivo, informou um político à Agência Efe.
'Um juiz de Malé (a capital das Maldivas) emitiu uma ordem de detenção contra Nasheed e o ex-ministro da Defesa Tholhath Ibrahim, mas por enquanto eles não foram detidos', disse à Efe um membro do partido do ex-presidente.
Esta fonte, que preferiu manter o anonimato, acrescentou que o magistrado que decretou as detenções, Abdullah Mohammed, é o mesmo que ficou três semanas preso por ordem do antigo Executivo, liderado pelo Partido Democrático Maldivo (MDP), de Nasheed.
As manifestações que levaram à detenção do juíz em janeiro do ano passado desembocaram na rebelião policial que, estimulada por alguns partidos opositores, derrubou o chefe de governo na última terça-feira.
Horas depois da renúncia do líder, o cargo foi ocupado pelo até então vice-presidente Mohammed Waheed.
Os confrontos entre partidários do presidente deposto e as forças de segurança, que começaram na capital, foram aumentando em diversos pontos do arquipélago, e chegaram a ser registrados ataques a edifícios oficiais.
'Há distúrbios em ao menos 25 ilhas. Cada vez mais gente sai às ruas para se opor ao golpe de Estado', disse o membro do partido de Nasheed.
O maior choque entre os manifestantes e a polícia ocorreu na quarta-feira à tarde na capital, quando milhares de seguidores do MDP foram interceptados por agentes antidistúrbios, que agiram com firmeza para dissolver a manifestação.
O partido acusa o ex-presidente das Maldivas Maumoon Abdul Gayoom, que governou o país durante 30 anos, de ter atuado junto a grupos conservadores islâmicos para derrubar Nasheed.
'Tenho muitas razões para afirmar que Gayoom está por trás do golpe contra o governo constitucional', disse na quarta à Efe o ex-ministro de Recursos Humanos Hassan Latheef, que acrescentou que a rebelião foi apoiada por grupos islâmicos locais.
O arquipélago vivia uma crise institucional desde pouco depois das primeiras eleições multipartidárias do país, as presidenciais realizadas em outubro de 2008, que puseram fim a três décadas de governo autocrático de Gayoom.
O levante nas Maldivas registrou uma morna reação entre a maioria dos países da região, como a Índia, cujo primeiro-ministro, Manmohan Singh, se limitou a felicitar o novo chefe do Executivo maldivo.