Mundo

Presidente de banco venezuelano acusado de especulação é preso

Óscar Doval e dez diretores do Banesco são suspeitos de facilitar ou acobertar ataques contra a moeda local, o bolívar

Venezuela: prisões fazem parte da operação "Mãos de papel", lançada em meados de abril contra supostas máfias cambiárias (NatanaelGinting/Thinkstock)

Venezuela: prisões fazem parte da operação "Mãos de papel", lançada em meados de abril contra supostas máfias cambiárias (NatanaelGinting/Thinkstock)

A

AFP

Publicado em 3 de maio de 2018 às 20h09.

Última atualização em 3 de maio de 2018 às 22h10.

As autoridades venezuelanas prenderam o presidente e outros dez diretores do Banesco - um dos principais bancos do país - por suposta cumplicidade em operações especulativas contra a moeda local, anunciou nesta quinta-feira o Ministério Público.

Óscar Doval, presidente-executivo, foi preso após depor na quarta-feira diante da Direção de Contra Inteligência Militar (Dgcim), que tinha lhe acusado, com outros funcionários da entidade financeira, com presença em Estados Unidos, Panamá, República Dominicana e Espanha.

Além de Doval foram presos um consultor jurídico, quatro vice-presidentes, um diretor, dois gerentes e dois oficiais de serviço, afirmou o procurador-geral, Tarek William Saab, à imprensa.

Saab garantiu que são suspeitos de facilitar, ou acobertar, "ataques" contra o bolívar, através da saída de papel-moeda a outros países, e de especulação com o preço do dólar no mercado negro.

"O objetivo final (dessas ações) foi destruir a moeda venezuelana", garantiu Saab, indicando que uma inspeção no terreno determinou diversas "omissões na prevenção e monitoramento contra a legitimação de capitais".

Nesta quarta-feira, ao confirmar a investigação sobre Doval, a entidade se declarou tranquila porque suas ações "estão sempre ajustadas ao direito e à legalidade".

As prisões fazem parte da operação "Mãos de papel", lançada em meados de abril contra supostas máfias cambiárias e que resultou em 134 prisões e 1.380 contas congeladas, sendo mil delas do Banesco. Três casas de câmbio virtuais também foram bloqueadas.

O governo do presidente Nicolás Maduro argumenta que essas redes são culpadas da queda do bolívar, ao fixar taxas do "dólar negro" que multiplicam por 12 a cotação oficial.

O mercado paralelo cresceu, enquanto o Executivo mantém um rígido controle cambiário, através do qual monopoliza moedas desde 2003.

Antes da queda da renda petroleira, o governo praticamente congelou a entrega de dólares ao setor privado, que precisa recorrer ao mercado negro para importar produtos e matérias-primas, o que amplia o custo de vida.

Segundo o FMI, a hiperinflação vai subir acima de 13.000% neste ano.

O procurador destacou que o objetivo é "desmantelar todo um sistema financeiro paralelo", com conexões na Colômbia e no Panamá, e tranquilizou os poupadores, observando que a investigação não afetará seus depósitos.

Acompanhe tudo sobre:MoedasPrisõesVenezuela

Mais de Mundo

Trump nomeia Chris Wright, executivo de petróleo, como secretário do Departamento de Energia

Milei se reunirá com Xi Jinping durante cúpula do G20

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social

Venezuela liberta 10 detidos durante protestos pós-eleições