Abdullah Gül, presidente turco: "não estou de acordo com o fechamento total das plataformas sociais" (Attila Kisbenedek/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2014 às 08h54.
Istambul - O presidente da Turquia, Abdullah Gul, condenou o bloqueio do Twitter, que começou a valer a partir da meia-noite passada no país, e enviou uma série de mensagens pela própria rede social comentando a situação.
"Não estou de acordo com o fechamento total das plataformas sociais", disse em uma das mensagens.
"Além disso, já se evidenciou várias vezes que tecnicamente nem sequer é possível fechar completamente plataformas como o Twitter, que são empregadas no mundo todo", acrescentou em uma clara demonstração que de fato o bloqueio não afetava o seu próprio computador.
"Espero que esta situação não dure", concluiu o presidente turco, que está cada vez se afastando mais de seu velho aliado, o primeiro-ministro turco, o islamita Recep Tayyip Erdogan.
Já o vice-primeiro-ministro, Bulent Arinç, pareceu não ter se dado conta do fechamento da rede social, e enviou uma breve mensagem pelo Twitter, na qual anunciava sua agenda do dia. Além disso, outras autoridades locais também utilizaram a rede social.
A promotoria turca desmentiu seu envolvimento no polêmico fechamento de Twitter. "Nós não tomamos esta decisão. É uma decisão administrativa", afirmou o promotor-chefe de Istambul, Hadi Salihoglu, ao jornal "Radikal".
A declaração contradiz a informação disponível no site da Autoridade de Telecomunicações turca, que atribui o fechamento a uma decisão da promotoria de Istambul.
A União de Colégios de Advogados da Turquia anunciou que estava recorrendo do bloqueio na justiça e que considerava a decisão "contrária ao direito".
Uma grande parte dos internautas da Turquia, país que ocupa o 11º lugar do mundo na utilização do Twitter, evitam o bloqueio por meio de ferramentas digitais de anonimato, e a atividade na rede social durante a madrugada foi inclusive mais alta que em dias normais, asseguram alguns usuários.
O primeiro-ministro turco prometeu ontem "arrancar pela raiz" o Twitter, em discurso eleitoral realizado na cidade de Bursa, que paradoxalmente teve partidas transmitidas ao vivo de sua conta na rede social, que tem 4,1 milhões de seguidores.