Goodluck Jonathan sobre a reeleição: "após escutar a chamada de nosso povo em todo o país para que me apresente, eu, Goodluck Ebele Azikiwe Jonathan, aceitei concorrer" (Pius Utomi Ekpei/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de novembro de 2014 às 14h22.
Lagos - O presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, anunciou nesta terça-feira que concorrerá nas eleições de fevereiro de 2015, o que coloca um fim a meses de especulações.
"Após escutar a chamada de nosso povo em todo o país para que me apresente, eu, Goodluck Ebele Azikiwe Jonathan, aceitei concorrer", disse o chefe do Estado em discurso realizado na capital administrativa do país, Abuja.
Jonathan fez a declaração na Praça da Águia, diante de milhares de seguidores. O ato, que foi transmitido por várias emissoras do país, contou com a apresentação de grupos de música e dança.
Membro da etnia minoritária ijaw, do sul cristão do país, Jonathan, de 56 anos, foi eleito para seu primeiro mandato em 2011, após substituir na presidência Umaru Musa Yar"Adua, que morreu em 2010 enquanto enquanto estava no cargo.
Membros de sua própria legenda, o Partido Democrático do Povo (PDP), afirmaram que Jonathan descumpriu sua promessa de não concorrer à reeleição para que um político do norte, de maioria muçulmana, pudesse chegar à presidência da Nigéria.
Jonathan, que nega ter se comprometido a não concorrer, argumenta que tomou a decisão baseado, segundo o presidente, no sucesso de seu governo em agricultura, criação de emprego e desenvolvimento de infraestrutura.
O principal partido da oposição, o Congresso de Todos os Progressistas (APC, por sua sigla em inglês), recriminou hoje Jonathan por não ter adiado a oficialização de sua candidatura, após a morte ontem de 48 estudantes em um ataque suicida contra uma escola secundária do nordeste do país.
O partido deve anunciar em dezembro seu candidato à presidência da Nigéria. Segundo o APC, a intensificação da violência da seita islamita Boko Haram no nordeste do país é o principal ponto frágil do mandato de Jonathan, incapaz de dar segurança à região apesar de ter declarado o estado de exceção nos estados de Adamawa, Borno e Yobe, os mais afetados pelo terrorismo.
Segundo a organização Human Rights Watch, desde 2009 mais de sete civis morreram em centenas de ataques de Boko Haram no norte do país e em Abuja, a capital administrativa da Nigéria.
Goodluck Jonathan anunciou no mês passado um acordo de cessar-fogo com o Boko Haram que foi desmentido pela organização em 1º de novembro.