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Presidente da Itália convoca candidato a primeiro-ministro Giuseppe Conte

Indicado pelo M5S e pela Liga, o presidente italiano tem dúvidas quanto à autoridade de Conte, que não tem experiência política

Conte: o jurista foi indicado pelos partidos antissistema para dirigir o governo de união, mesmo sem força política (Remo Casilli/Reuters)

Conte: o jurista foi indicado pelos partidos antissistema para dirigir o governo de união, mesmo sem força política (Remo Casilli/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de maio de 2018 às 09h58.

Última atualização em 23 de maio de 2018 às 10h54.

O presidente italiano, Sergio Mattarella, convocou nesta quarta-feira (23), às 17h30 locais (12h30, em Brasília), Giuseppe Conte, um jurista proposto pelos partidos antissistema para dirigir seu governo de união, mas sem peso político.

O Movimento 5 Estrelas (M5S) e a Liga (de extrema direita) acentuaram a pressão nessas últimas horas, dizendo-se prontos para voltar às urnas.

Segundo a imprensa italiana, as hesitações do presidente vêm também do nome cotado pelos dois aliados para ocupar a pasta de Economia: Paolo Savona, um ex-ministro (1993-1994) de 81 anos que considera o euro como uma "jaula alemã" para a Itália.

Mattarella reivindica garantias quanto ao respeito dos compromissos europeus e internacionais. E ele quer nomear um verdadeiro chefe de governo, capaz de assumir a política do Executivo como determina a Constituição.

Ainda de acordo com a imprensa italiana, o presidente tem dúvidas quanto à autoridade de Conte, um jurista discreto de 54 anos, sem experiência política, frente aos pesos-pesados da Liga e do M5S que devem se tornar seus ministros.

"Conte, traído por seu currículo, o governo novamente à deriva", "O caso do currículo está aberto, Conte, na balança", "Tempestade sobre Conte, o governo se afasta", diziam nesta quarta-feira as manchetes da imprensa italiana.

O caso começou com algumas linhas em seu currículo, no qual ele evoca trabalhos de "aperfeiçoamento jurídico" nas prestigiosas universidades de Yale, Sorbonne, Cambridge, New York University (NYU), ou ainda no International Kultur Institut, de Viena.

À AFP, a NYU disse não ter registros dele, salvo uma autorização de acesso à sua biblioteca. A Duquesne University, de Pittsburg, também citada no CV, disse que ele já passou pela instituição no âmbito de um intercâmbio com sua universidade romana.

As outras universidades entrevistadas pela AFP não se pronunciaram em nome da confidencialidade.

Preocupação em Bruxelas

Desde que o M5S e a Liga anunciaram seu nome na segunda-feira, Conte não falou com a imprensa. Segundo familiares citados pelos jornais, ele disse ter feito pesquisa em todos os institutos mencionados, embora reconheça "falta de seriedade" na redação de seus currículos.

"Os veículos estrangeiros e italianos falam sobre os supostos títulos que Conte nunca disse ter!", disse o M5S em um comunicado. "Conte continua sendo o candidato do M5S e da Liga para dirigir o governo", insistiu nesta quarta líder do partido, Luigi Di Maio.

Matteo Salvini, o líder da Liga, não escondeu sua impaciência em um vídeo postado ontem no Facebook: "Ou mudamos as coisas, ou voltamos às urnas e, desta vez, pediremos a maioria absoluta para podermos agir sozinhos", declarou, no momento em que seu partido está em pleno auge nas pesquisas.

Mas o caso do currículo, que arranha a credibilidade de Conte, não facilita a tarefa de Mattarella, que já tinha dúvidas sobre a autoridade desse jurista sem experiência política.

Essa incerteza contribuiu para o nervosismo dos mercados financeiros, tensos há uma semana.

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