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Presidente da Itália autoriza Conte a formar novo governo

Giuseppe Conte, que recentemente renunciou ao cargo de primeiro-ministro, aceitou o novo mandato de Mattarella

Giuseppe Conte: primeiro ministro italiano recebeu a missão de formar um novo governo (Ciro de Luca/Reuters)

Giuseppe Conte: primeiro ministro italiano recebeu a missão de formar um novo governo (Ciro de Luca/Reuters)

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AFP

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 08h58.

Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 10h57.

O primeiro-ministro Giuseppe Conte aceitou nesta quinta-feira a missão de formar um novo governo na Itália, com base em uma maioria inédita entre social-democratas e o Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema), com o objetivo de construir um país "mais inclusivo" e que retorne ao "primeiro plano" europeu.

O chefe de Governo, que renunciou ao cargo, aceitou a tarefa atribuída pelo presidente Sergio Mattarella "com reservas", termos protocolares à espera da cerimônia de posse do gabinete, que precisa ser validado pelo chefe de Estado.

Pouco depois de uma reunião com Mattarella, Conte anunciou que deseja construir com o M5E, formação baseada na rejeição aos partidos antigos, e o Partido Democrata (PD), principal força da centro-esquerda, "um novo humanismo" no país.

Ele prometeu a recuperação econômica da Itália, que deve "recuperar um papel de primeiro plano na Europa", ao defender um país mais justo, mais competitivo, mais solidário, mais inclusivo".

A Itália estava há três semanas afundada em uma grave crise, desde que o líder do partido Liga (extrema-direita) e ministro do Interior, Matteo Salvini, rompeu a aliança de 14 meses com os sócios do M5E argumentando que o movimento apresentava muitos impedimentos a seus projetos de grandes infraestruturas e redução de impostos.

Salvini surpreendeu a todos em pleno período de férias ao exigir eleições imediatas.

"Estamos em uma fase muito delicada para o país e devemos sair o quanto antes do período de incerteza política criado pela crise de governo", completou Conte, após um encontro de uma hora com o presidente.

De acordo com o sistema parlamentar italiano, após a posse do governo Conte precisará receber o voto de confiança nas duas Casas do Parlamento. Para agilizar o processo, ele anunciou que vai consultar imediatamente todas as bancadas parlamentares e as forças políticas da nova maioria.

Ele pretende apresentar a lista de ministros ao presidente nos próximos dias.

Em seu programa, Conte cita a recuperação econômica, investimentos na região do Mezzogiorno, preocupação com os jovens que abandonam em massa esta região e um desenvolvimento compatível com o respeito ao meio ambiente. Porém, não fez qualquer menção à futura política migratória.

"Ódio pela Liga"

As intensas e complexas negociações para a formação da nova coalizão governamental resultaram na recondução de Conte ao posto de primeiro-ministro. Isto apesar do líder do PD, Nicola Zingaretti, criticar seu silêncio durante os 14 meses de coalizão M5E-Liga a respeito da política de Salvini contra os migrantes e as ONGs internacionais que os ajudam.

O líder da Liga criticou o novo governo, segundo ele baseado na distribuição de ministérios.

Na quarta-feira à noite, Salvini admitiu sua derrota e prometeu voltar à batalha, estimulado pelo resultado de seu partido nas eleições europeias de maio (34% dos votos).

"Temos que esperar seis meses ou um ano para ganhar? Não temos pressa", disse, em tom de desafio.

O ultradireitista também denunciou um complô e um Executivo "formado sob as ordens de Paris, Berlim e Bruxelas", considerando que "o único cimento que une o PD com o Cinco Estrelas é o ódio contra a Liga, o maior partido da Itália".

A partir de agora terá início a distribuição dos ministérios, uma tarefa complexa.

O projeto da nova coalizão deve ser submetido a uma votação na Plataforma Rousseau, site para a "democracia direta" do M5E. O resultado é incerto.

Outra dúvida é o destino de Luigi Di Maio, atual vice-primeiro-ministro, que perdeu popularidade nos 14 meses de aliança com Salvini e saiu ainda mais enfraquecido da atual crise.

 

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