EUA: Paul Ryan está na Câmara da Baixa desde 2015 e no Congresso desde 1999 (Kevin Lamarque/Reuters)
AFP
Publicado em 11 de abril de 2018 às 11h13.
Última atualização em 11 de abril de 2018 às 15h00.
O presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, o republicano Paul Ryan, de 48 anos, não buscará a reeleição nas legislativas de meio de mandato de novembro e vai se aposentar da vida parlamentar em janeiro, ao final de seu mandato.
Ryan, segundo na linha de sucessão à presidência americana, afirmou que continuará no cargo durante as legislativas de novembro, em que os republicanos podem perder a maioria do Congresso.
"Este ano será meu último como membro da Câmara", declarou em coletiva de imprensa.
O legislador de Wisconsin aceitou relutantemente a liderança da Câmara em 2015 e nunca apoiou completamente o atual presidente americano, seu correligionário Donald Trump.
Mas afirmou que sua decisão de não buscar a reeleição é motivada pelo desejo de passar mais tempo com sua família e não pela turbulência na Casa Branca.
"O que eu percebo é que, se ficar aqui por um outro período, meus filhos só terão um pai de final de semana, eu não posso deixar isso acontecer", disse ele.
Speaker Paul Ryan is a truly good man, and while he will not be seeking re-election, he will leave a legacy of achievement that nobody can question. We are with you Paul!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) April 11, 2018
Trump elogiou Ryan como "um homem realmente bom".
"Embora ele não busque a reeleição, deixará um legado de realizações que ninguém pode questionar - estamos com você, Paul!", tuitou o republicano.
"Depois de quase 20 anos na Câmara baixa, o presidente se orgulha de tudo o que conseguiu e está disposto a dedicar mais tempo a ser marido e pai", indicou por sua vez Brendan Buck, conselheiro do presidente da Câmara, em um comunicado.
"Embora não tenha procurado o posto, disse a seus colegas que ser presidente da Câmara foi a honra profissional de sua vida e lhes agradeceu pela confiança que depositaram nele", acrescentou o conselheiro.
Chuck Schumer, principal liderança democrata no Senado, elogiou Ryan, a quem descreveu como "um bom homem que é sempre fiel à sua palavra".
Schumer acredita que, nos meses que lhe restam no Congresso, Ryan "se libere das facções duras de direita de sua bancada, que impediram que o Congresso concretizasse coisas".
Disse ainda que, se Ryan quiser procurar os democratas, vai encontrá-los "dispostos e ansiosos para trabalhar com ele".
A decisão de Ryan abre a disputa pela liderança republicana na Câmara de Representantes, com Kevin McCarthy e Steve Scalise vistos como os principais candidatos para o posto.
Ryan, um conservador apegado à disciplina fiscal, não deu pistas sobre suas futuras ambições políticas.
Sua conquista mais importante como líder republicano no Congresso foi a aprovação, em dezembro, de uma importante reforma tributária que incluiu cortes acentuados nos impostos corporativos.
Os rumores sobre sua partida circulam há meses em Washington. No começo do ano, o próprio Ryan chegou a negá-los.
Mas nesta quarta-feira assegurou que, depois de 20 anos no Congresso, tinha certeza de que deixaria a maioria republicana "em boas mãos com um futuro brilhante".
Mas sua partida, no meio da convulsiva presidência Trump, revela o caos dentro do Partido Republicano, que em pouco mais de seis meses enfrentará eleições importantes, quando todos os 435 assentos na Câmara Baixa e um terço do Senado serão renovados.
O partido, profundamente fraturado entre conservadores e moderados, foi descrito como ingovernável. E o atual governo levantou questões sobre o papel do conservadorismo tradicional no contexto republicano.