O presidente da Bolívia, Luis Arce, em La Paz, 31 de agosto de 2023 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Agência de notícias
Publicado em 4 de outubro de 2023 às 17h45.
Última atualização em 4 de outubro de 2023 às 17h47.
O presidente da Bolívia, Luis Arce, foi expulso do MAS, o partido com o qual venceu as eleições de 2020, em meio a uma disputa com seu antigo aliado e hoje adversário, Evo Morales, com vistas às eleições presidenciais de 2025.
A legenda governista que Morales lidera afastou Arce de suas fileiras por sua recusa em participar do congresso do Movimento ao Socialismo (MAS), realizado entre terça e quinta-feira no departamento (estado) de Cochabamba.
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Segundo a resolução aprovada pelos partidários de Morales, Arce se "auto-expulsou" ao faltar o encontro no qual seu rival deverá ser proclamado candidato às primárias de dezembro, das quais sairá o presidenciável.
"É conhecida a auto-expulsão de Luis Arce" e do vice-presidente, David Choquehuanca, aponta o documento lido durante a reunião.
Outros 28 militantes do MAS leais a Arce, entre eles legisladores e funcionários do governo, também foram expulsos.
Morales, que governou entre 2006 e 2019, disputa com Arce a liderança do partido.
A rivalidade que quebrou a unidade do MAS se acentuou no último ano, após as críticas de Morales ao governo por sua suposta traição, corrupção e tolerância com o narcotráfico.
Após sua tentativa frustrada de se reeleger em 2019 depois de 14 anos de mandato, o esquerdista Morales impulsionou a chegada ao poder de Arce, que ainda não anunciou se tentará a reeleição.
Durante seu congresso, o MAS também modificou os estatutos para que apenas militantes com 10 anos de partido possam se candidatar. Arce não cumpre tal exigência.
A justiça eleitoral deve ratificar ou invalidar as decisões do MAS.
Arce havia se afastado dias antes do congresso do partido governista, alegando que as organizações sociais não estavam representadas.
"Não podemos ir a uma casa onde não vão estar seus verdadeiros donos, as organizações sociais", apontou o mandatário e ex-ministro de Morales.
Sem a origem indígena ou o carisma de seu mentor, Arce conseguiu fortalecer sua liderança entre as bases sociais e sindicais por meio da concessão de incentivos.
Sua desaprovação chega a 50%, segundo uma pesquisa da empresa privada Diagnosis.
No entanto, nos círculos do partido, é tido como certo que Arce tentará a reeleição, dada a oposição enfraquecida e a rejeição que Morales desperta em setores econômicos.